22 de setembro de 2017

Oficinas comprovam que é possível gerar renda a partir da agroecologia

O morango é um dos frutos mais populares entre os consumidores. Além do sabor predominantemente adocicado, é rico em ferro e vitamina A. Essas propriedades, porém, não são as únicas substâncias presentes na maior parte das caixinhas vendidas em supermercados: o último relatório da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) apontou que, no Brasil, o morango é o segundo na lista de alimentos com maior teor de agrotóxicos. Mas, na contramão do agronegócio, experiências agroecológicas e da agricultura familiar no Paraná garantem o sabor da fruta sem comprometer seus benefícios à saúde, ao cultivar morangos sem nenhuma gota de veneno. A prática, as técnicas e o manejo de morangos orgânicos no assentamento Contestado, na Lapa (PR), foram lições ensinadas em uma das 30 oficinas oferecidas pela 16ª Jornada de Agroecologia. Da manhã à tarde desta quinta-feira (21), a programação garantiu o compartilhamento de experiências e a troca de conhecimento aos três mil participantes do evento. Dentre elas, a oficina de produção de morangos orgânicos uniu teoria e prática para estimular agricultores a buscar o plantio sem agrotóxicos. “Quando retornar ao meu lote, vou levar o que aprendi aqui e mostrar que é possível gerar renda com a agroecologia”, garante a agricultora Valdete dos Santos. (Foto: Oruê Brasileiro) Para Maicon Pederseti, mestrando em agrossistemas pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), a maior vantagem da programação de oficinas e da própria Jornada é ir na contramão do agronegócio, fomentando a produção alternativa e reduzindo custos de plantio. “Aqui vemos que é possível produzir de formas diferentes, sem insumos, sem químicos, sem venenos. A Jornada serve como espelho para mostrarmos à sociedade que é possível produzir orgânicos agroecológicos. É só vir e visitar, conhecer as experiências”, descreve. Pedeserti conheceu a produção do Contestado quando cursou a formação de Tecnólogo em Agroecologia na Escola […]

Jornada de Agroecologia no Paraná propõe “terra livre de transgênicos e agrotóxicos”

  Norma Odara Brasil de Fato    Uma terra livre de transgênicos e sem agrotóxicos.  Este é um dos lemas que fazem parte da 16a edição da Jornada de Agroecologia que ocorre desde quarta-feira no Parque de Exposições da cidade de Lapa, no Paraná. Militantes de movimentos populares, estudantes de agronomia, artesãos e a população da região participam do evento para conhecer e apoiar experiências agroecológicas que respeitam a biodiversidade e cultivam alimentos saudáveis. Vários estados brasileiros e também delegações de países da América Latina, como Guatemala, Venezuela, Chile e Equador, participam da jornada. Roberto Baggio, do MST, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, destaca que a Jornada é fruto de experiências enraizadas e acumuladas pelos movimentos populares do campo, que atuam para garantir uma agricultura livre de veneno. “A jornada é uma grande atividade formativa, de estudo, de análise, de troca de experiência, de aprendizado, de convívio, de partilha de semente, de partilha de receita e que vai construindo este grande movimento que é o movimento pela agroecologia”, diz Baggio. O evento discute também os desafios contra a ofensiva do agronegócio. Neste ano, a jornada homenageia Valmir Mota de Oliveira, conhecido como Keno, militante do movimento popular Via Campesina, que foi assassinado em outubro de 2007 por uma milícia armada sob o mando de uma empresa transnacional. O papel das mulheres no campo também é pauta da Jornada. O tema foi discutido no seminário sobre agroecologia e gênero, do qual participou Priscila Facina Monerá, moradora do Assentamento Contestado, no Paraná, e educadora em agroecologia. “As mulheres camponesas, indígenas, quilombolas, de todos os povos, faziam agroecologia e não chamavam por este nome de agroecologia. Então é muito importante reconhecer a importância da mulher e como diria aquele grito de ordem: “sem feminismo não há agroecologia””, destaca a educadora. Uma […]

“Cenário é de acirramento da luta de classes”, diz dirigente do MST do Paraná

Por Julio Carignano Do Porém.net “Temos que lutar para, no mínimo podermos participar da democracia burguesa, que significa termos direito ao voto”. A afirmação é de Roberto Baggio, da coordenação estadual do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) no Paraná, ao fazer uma análise da conjuntura do cenário eleitoral de 2018 durante a 16ª Jornada de Agroecologia, na Lapa, a primeira após o golpe que derrubou Dilma Rousseff (PT) da Presidência da República. Neste momento de atentado à democracia e de ascensão da extrema direita e pré-candidaturas como a de Jair Bolsonaro, Baggio afirma que é tarefa dos movimentos sociais do campo dialogarem junto ao movimento urbano sobre o projeto do Governo Temer que vai além das reformas que retiram direitos da classe trabalhadora, mas também se apropria dos recursos naturais. “Toda nossa riqueza que era pública está sendo apropriada e privatizada pelos golpistas”, comenta o dirigente do MST. O atual contexto, segundo Baggio, é de enfrentamento e alerta para os movimentos sociais diante dos cortes orçamentários do governo Temer (PMDB) em ministérios e órgãos responsáveis por ações diretas na reforma agrária, agricultura familiar e das comunidades tradicionais (indígenas e quilombolas). Diante disso, ele prega a unidade dos trabalhadores do campo e da cidade. “O inimigo é comum, é o grande capital, o aparelho do Estado golpista. Temos que juntar aqueles que produzem para reconstruir nosso país”, destaca. Sem falar em nomes para corrida eleitoral, o dirigente destaca a busca por uma candidatura que expresse um programa popular e progressista. “Votaremos num programa, num projeto que vai além do simples voto, que represente o conjunto de medidas estruturantes e emergenciais. Que dialogue com a população sobre as soluções para crise. Um projeto popular e soberano, que repense o controle do sistema financeiro, que abra um plebiscito popular para revogar […]

“Cozinha é o coração da Agroecologia”

Por Julio Carignano Do Porém.net Morador do acampamento Nelson Mandela, município de Lindoeste, Imoacir Angheben, 59, é uma figura especial para a militância dos movimentos sociais de luta pela terra no Paraná. Seo Imoacir, como é conhecido, é um dos responsáveis pela alimentação na 16ª Jornada de Agroecologia, no município da Lapa. A cozinha que coordena é uma das mais requisitadas entre os espaços coletivos montados pelas delegações presentes no evento. Em média ele serve 520 refeições diárias, entre café da manhã, almoço e janta. No cardápio o feijão, arroz, carne, macarrão, mandioca, farofa, batata doce, polenta e salada de repolho. Em seu quarto evento consecutivo, Imoacir afirma que a cozinha das jornadas é bem mais que um simples local de alimentação, mas constitui-se em espaço de formação, confraternização e partilha entre a militância. “Esse é o coração da Jornada da Agroecologia, sem isso não tem outras atividades. Esse espaço é formativo. Aqui você lida com crianças, jovens, donas de casa, agricultores, expositores, dirigentes, convidados, imprensa. Toda a cultura da agroecologia é vivida neste momento”. Seu Imoacir teve seu primeiro contato com Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) em 2003 quando ainda era servidor do Estado do Paraná na cidade de Cascavel. “Ironia do destino eu nunca fui um simpatizante do MST, mas também nunca fui um crítico, pois eu não conhecia o movimento. Eu era funcionário da Codapar [Companhia de Desenvolvimento Agropecuário do Paraná] e, em 2003, fui cedido para Seab [Secretaria de Estado da Agricultura] para atuar no setor de vacinação de gados”. Foi neste momento que Imoacir conheceu acampamentos em Cascavel, Santa Tereza do Oeste e Lindoeste, no Oeste do Estado. Já afastado do serviço público devido a quatro cirurgias na coluna, em 2010 Imoacir resolve aceitar o convite de um amigo que morava no acampamento 7 […]