A 17ª Jornada de Agroecologia busca integrar o campo e a cidade

O evento itinerante no Paraná começou hoje com o objetivo de construir um projeto popular e soberano para a agricultura

Notícia publicada no Jornal Comunicação (Jornal Laboratório da Universidade Federal do Paraná), em 6 de junho de 2018, com autoria da estudante Milena Aíssa, com supervisão do professor Mario Messagi Júnior.

Foto: Divulgação 17ª Jornada de Agroecologia

A 17º Jornada de Agroecologia, iniciada hoje (6), tem como objetivo estabelecer um diálogo entre o campo e a cidade. Roberto Baggio, um dos coordenadores da Jornada desde a criação, acredita que é possível aliar interesses. “Todas as produções que estão aqui, já existem. A Jornada é um projeto, não um sonho. A base já foi experimentada e é praticada, só precisa ampliar, envolver e motivar a parceria entre campo e cidade”, diz o coordenador.

A expectativa é que, ao todo, participe em torno de 4000 pessoas, sendo 2500 credenciadas. A maioria dos eventos, voltados para a produção saudável, acontece nos próximos quatro dias na Praça Santos Andrade e na Reitoria da Universidade Federal do Paraná (UFPR).

A Jornada é itinerante no estado do Paraná e conta com a participação de delegações internacionais e mais de 30 nacionais – sendo uma delas o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). No primeiro dia de evento, 25 caravanas chegaram pela manhã e centenas de agricultores se espalharam por alojamentos da capital.

Além de integrar a área rural e urbana, a Jornada é responsável por reunir camponeses, estudantes, cientistas e técnicos da agricultura familiar de todo o Brasil, que pesquisam e praticam a produção alternativa. O evento é uma das principais formas de sintetizar os processos que acontecem diariamente no campo.

Roberto Baggio, um dos coordenadores do MST no Paraná (Foto por: Mário Messagi Junior)

A integração não se dá apenas na alimentação. Baggio destaca a cultura e a educação como outras ferramentas aliadas na construção da ponte entre as áreas rurais e urbanas. “Além da exposição dos alimentos, vai ter um conjunto de seminários temáticos, oficinas, debates e 25 atividades culturais, que valorizam e resgatam a cultura camponesa e popular”, conta.

É a primeira vez que a Jornada acontece em Curitiba. A coordenadora, Ceres Hdich, organiza o evento há 13 anos e está com altas expectativas para a 17º realização. “Nesses quatro dias esperamos demonstrar para o público todo o conhecimento que acumulamos nos últimos anos. Nós temos muita certeza de que é possível construir uma agricultura diferente, saudável, que se preocupe com a natureza e com os seres humanos”, comenta a coordenadora.

Assunto antigo, experiência nova

O evento acontece anualmente desde 2002 e trata da realidade da população rural brasileira. Mesmo abordando o cotidiano dos camponeses há mais de dez anos, muitos estão participando pela primeira vez. É o caso do agricultor indígena de Guarapuava, Gilmar Machado, que destaca a integração entre a Jornada e as Universidades. “A diversificação está sendo muito proveitosa para mim. A universidade é chamada de popular, porque estuda vários movimentos sociais, e é importante mostrar eles também”, diz.

Uma experiência que os participantes podem vivenciar é o “Túnel do Tempo”, onde é possível conhecer a história da agricultura, a luta pela terra e a construção do projeto soberano e popular. Os responsáveis por repassar o conhecimento para o público foram os estudantes das escolas itinerantes, projeto educacional do MST. Sara Barreto, diretora auxiliar do Colégio Estadual do Campo Iraci Salete Strozak, orientou cerca de 20 alunos do Assentamento Marcos Freire para a apresentação na capital.

O tema da produção alternativa é abordado não só no evento, como no dia a dia dos alunos. “Nosso maior objetivo é falar sobre a alimentação saudável e a produção de alimentos para matar a fome do nosso povo, e não para a exportação”, explica Sara. Ela conta que a própria escola tem um projeto chamado agroecologia.

O caráter educativo e de transmissão de informação da Jornada é destacado pelo estudante Alisson Nathan, de 16 anos. “Quanto mais pessoas souberem que os venenos na produção alimentícia causam desmatamento, poluição do meio ambiente e morte de animais, mais chances têm de diminuir o uso com o tempo”, comenta.

O evento proporciona uma nova experiência, independente da idade. A agricultora de Congonhinhas, Fabiane Santos, só teve a oportunidade de participar da iniciativa aos 36 anos. “É importante mostrar que nosso objetivo não é só terra. É também educação, saúde e produção. Queremos mostrar o que fazemos de melhor”, exclama.

A 17º Jornada de Agroecologia vai de 06 a 09 de junho (sábado). Os principais eventos acontecem na Praça Santos Andrade e na Reitoria da Universidade Federal do Paraná (UFPR). Confira a programação completa aqui.

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