Plenária da Articulação Paranaense por uma educação no campo é realizada durante programação da Jornada de Agroecologia
Por Paula Zarth Padilha, com foto de Juliana Adriano
Os cursos de Pedagogia do Campo e Pedagogia da Unicentro estão formando 180 pedagogos indígenas para atuar em 39 escolas indígenas do Paraná. As aulas para as etnias Kaingang, Guarani e Xetá são realizadas nas próprias Terras Indígenas, em um programa de mobilidade.
O panorama do projeto foi apresentado pelo professor Marcos Gehrke, durante a Plenária da Articulação Paranaense da Educação no Campo, realizada na manhã desta sexta-feira, 30 de agosto, na Jornada de Agroecologia, em Curitiba. Gehrke explicou que as turmas vão aumentar a participação indígena nas escolas indígenas, que ainda são dirigidas em sua maioria por não indígenas. “Nunca teve concurso para indígenas, só resta para eles ser PSS”, disse. PSS é a sigla para processo de seleção simplificada, e que resulta em contratações temporárias.
A dimensão da amplificação e foco na educação indígena foi relatada por Ilda Bernardo, coordenadora da educação no campo na Terra Indígena Rio das Cobras: “Nós precisamos manter esse curso. Nós não temos panelas, pra tomar café temos que emprestar copo. Mas precisamos manter esse curso”, afirmou. A infraestrutura subsidiada pelo Estado é precária. O curso não tem alojamento e não há recurso para alimentação.
Gehrke explicou que parte da carga horária das aulas é em língua materna e que o idioma xetá está quase em extinção. Segundo ele, não há tradução de material, mas produção.
A professora Marlene Sapelli, da Unicentro, que coordenou a plenária, defendeu que a articulação pela educação no campo é feita por sujeitos individuais e coletivos comprometidos com a causa. Participaram da plenária estudantes, professores, mestrandos, doutorandos, assentados, indígenas, quilombolas, de diversas regiões do Paraná e vinculados a escolas de campo e universidades públicas.
O encontro também irá subsidiar a elaboração de um mapa cartográfico em movimento, apresentado pelo professor André Fedel, da Assessoar. “A cartografia vem para mostrar o envolvimento que a gente tem com os povos, as águas, as florestas”, disse. É uma provocação para mostrar que tipo de educação no campo é desenvolvida nas diferentes regiões. “A cartografia estadual é transformada a cada encontro”.