Campanha Despejo Zero aglutinou principal luta de massas no Paraná, de 2021 a 2023
Pedro Carrano
Desde 2021, a campanha nacional Despejo Zero é organizada com força no Paraná, envolvendo movimentos sociais do campo e da cidade, ao lado do movimento indígena.

Marcha do Despejo Zero em Curitiba no mês de outubro. Foto: Juliana Barbosa
Em 2022, ocorreram as jornadas de lutas por Terra, Trabalho e Teto, que reuniram até 4 mil moradores de ocupações. No dia 24 de outubro, nova jornada foi convocada, com caminhada no centro da capital. O foco dessa agenda são as áreas que, passada a pandemia, apresentam maior risco de despejos, no caso da Britanite (Tatuquara), Tiradentes II (CIC), Guaporé 2 (Campo Comprido) e Graciosa (cidade de Pinhais).
Na Jornada de Agroecologia, ocorre uma nova caminhada massiva, reunindo as representações do campo e da cidade das cerca de 367 áreas em risco no Paraná. Roberto Baggio, coordenador estadual do MST, resume que a conjuntura nacional é de reconstrução do país, e os desafios para o povo são a conquista do direito ao trabalho, à moradia e à alimentação. “Momento importante de dialogar no sentido do acesso a políticas públicas para ocupações em áreas urbanas”, aponta.
Neste cenário, as milhares de famílias enfrentam omissão dos órgãos públicos, aponta Rosângela Reis, da Frente de Organização dos Trabalhadores (Fort) e da comunidade Britanite, que possui 407 famílias que ocupam, desde 2020, terreno abandonado pela Tatuquara SA, empresa ligada ao grupo empresarial do qual faz parte a CR Almeida. “Queremos ficar, nos desenvolver, ajudar a região do Tatuquara”, afirma a liderança.
Criminalização
A área Tiradentes II organizou uma vigília em frente ao aterro da empresa Essencis, do grupo Solví, que deixou de negociar com as cerca de 70 famílias que vivem no local. Chrysantho Figueiredo, do Movimento Popular por Moradia (MPM), aponta que as famílias são excluídas do projeto urbanístico da cidade e criminalizadas por ocuparem áreas supostamente de preservação. “Um certo projeto político da elite de Curitiba ostenta orgulhosamente o nome de ‘República’, quando, na verdade, não passa de uma tirania social, ambiental e racial, um verdadeiro apartheid”, diz.
Campanha Despejo Zero no Paraná
MST, MPM, FORT, UMT, FNL, MNLM, MTST, MTD, Levante Popular da Juventude, APP-Sindicato, Casa de Passagem Indígena, Núcleo Periférico, entre outros.
Este conteúdo faz parte da edição especial do Brasil de Fato PR sobre a 20ª de Agroecologia. Clique aqui para ler a edição completa .