Espaço Saúde resgata conhecimentos ancestrais na 20° Jornada de Agroecologia

Espaço promove uma imersão nas práticas homeopáticas e o compartilhamento de saberes populares intergeracionais 

Roda de conversa “Saúde e Agroecologia”, realizada nesta sexta-feira, 24.
Foto: Guilherme Araki.

Povos indígenas, afro-brasileiros, imigrantes europeus e asiáticos. Todos estes grupos, formadores de um Brasil rico em pluralidade étnica-racial, cultural e social, são detentores de conhecimentos ancestrais passados de geração para geração, a saúde construída pelo coletivo. 

Na 20ª edição da Jornada de Agroecologia, no campus Rebouças da Universidade Federal do Paraná (UFPR), a saúde popular ganha seu próprio espaço, com técnicas de reiki, massagem, auriculoterapia, ofertadas por mulheres voluntárias, unidas em um único objetivo: propagar a saúde popular, do campo para a cidade. 

No Espaço Saúde, o visitante logo na entrada recebe folders explicativos de como construir uma estrutura de fossa e promover o saneamento básico. 

Também ali são distribuídos preservativos, e realizadas rodas de conversa para a troca de saberes de diferentes gerações. Dois destes encontros aconteceram no terceiro dia de jornada, nesta sexta-feira, 24. Pela manhã, um encontro para o compartilhamento de vivências com a saúde popular e as práticas agroecológicas. De tarde foi a vez de trocar experiências da saúde em áreas de reforma agrária.

“A mata é uma farmácia viva”, compartilha a camponesa Maria Natividade. Assentada no Contestado, partilhou com o grupo vivências e formações na horta medicinal, que promove não só os cuidados de quem ali vive, mas surge como uma ótima oportunidade para a geração de renda.

Foto: Luan Costa

Nas zonas rurais, a figura das parteiras, erveiras, raizeiras e benzedeiras nunca deixou de ser comum. Isso vem justamente de uma necessidade de trazer a saúde para perto de quem não pode se deslocar longos quilômetros à procura de um hospital. A militante do Movimento Sem Terra (MST), Izabel Grein, 70, que conduz as conversas do dia, diz que não só os tratamentos homeopáticos são capazes de curar o corpo de fora para dentro, como também a alimentação. “Junto com o agronegócio vem a questão da alopatia, a mesma empresa que vende o veneno dos agrotóxicos, também produz os remédios. É justamente essa indústria que tenta convencer a população que o que nós fazemos não é saúde”.

Paola Gabrielle, estudante da UFPR e militante do Levante Popular da Juventude, viveu até os 12 anos de idade em um sítio. As consequências de uma base alimentar saudável e sem veneno, é visível na disposição física e na imunidade alta neste início de fase adulta. “A roda de conversa me trouxe um pouco dessas minhas vivências na agroecologia, de plantar e colher diretamente da terra o alimento da mesa. É muito bom poder ouvir histórias de mulheres mais velhas que vivem dessa saúde coletiva”.

O Espaço Saúde pode ser visitado durante todos os dias da programação da 20ª Jornada de Agroecologia. A atividade está sendo realizada até o dia 26 de novembro, no campus Rebouças da UFPR, em Curitiba.

Compartilhe este artigo

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *