Oficinas da Jornada de Agroecologia inspiram práticas sustentáveis
Participantes aprendem a fazer a captura, multiplicação e utilização dos microrganismos eficientes. Foto: Rita Hilachuk
Por Rita Hilachuk
Entre as oficinas oferecidas no primeiro dia da 21ª Jornada de Agroecologia esteve a de Microrganismos Eficientes (E.M.), uma prática que evidencia o potencial da biodiversidade do solo para a agricultura sustentável. A oficina abordou desde a captura de microrganismos no arroz até sua multiplicação e aplicação.
Os participantes aprenderam que os microrganismos podem ser coletados em solos de florestas utilizando arroz cozido e sem tempero, colocado em um recipiente de bambu e enterrado na serapilheira – camada superficial do solo. Após 15 dias, o arroz apresenta colorações que indicam a presença de fungos, bactérias e leveduras, essenciais para o fortalecimento do solo.
E.M. são uma tecnologia da natureza com baixo custo e que contribuem para o aumento da imunidade das plantas e disponibiliza nutrientes. Foto: Rita Hilachuk
Segundo o instrutor e técnico do Programa Paraná Mais Orgânico Núcleo do Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná (IDR-Paraná) / Centro Paranaense de Referência em Agroecologia (CPRA), Nicolas Schwaner Brasil, o E.M. é uma alternativa de baixo custo com grande potencial para a agricultura.
“É indicado para plantas que estão sofrendo estresse hídrico, nutricional ou térmico. Os microrganismos ajudam na proteção e na disponibilidade de nutrientes, reduzindo o risco de doenças na planta. O segredo de um bom E.M. é a diversidade de espécies dentro dele”, explicou Nicolas, que também apresentou outras fontes de carboidrato para a captura, como batata-doce ou inglesa.
Intercâmbio de experiências
O agricultor e feirante Antônio dos Santos Vaz Filho, que veio de Palmital (PR) para participar da Jornada, destacou o que aprendeu. “Muito boa a oficina, do começo ao fim aprendemos bem. Eu já conhecia os E.M., mas não via resultados. Conversando com o instrutor, descobri o que estava fazendo errado. Aprendi a multiplicar e como usar para dar imunidade às plantas. Sempre que posso, participo dessas oficinas da Jornada de Agroecologia porque o aprendizado me ajuda a resolver problemas onde moro.”
O agricultor e feirante Antônio dos Santos Vaz Filho aproveitou a oficina para buscar conhecimento. Foto: Rita Hilachuk
Já o assessor de projetos em Cândido Rondon (PR), Gustavo Medeiros, viu na oficina uma oportunidade de integrar os E.M. ao trabalho com comunidades indígenas, desenvolvido pela FLD (Fundação Luterana Diaconia). “Eu queria mais informações sobre microrganismos, porque é uma tecnologia acessível e prática. Me chamou a atenção por ser uma tecnologia da floresta, e pretendo aplicá-la no meu trabalho. Além disso, saí com um vidro de E.M. como presente.”
Gustavo Medeiros pretende levar para o dia a dia do trabalho a prática que aprendeu na oficina. Foto: Rita Hilachuk
A Jornada de Agroecologia é um dos maiores eventos do Brasil voltados à promoção de práticas sustentáveis e sociais no campo. Neste ano, a Jornada acontece no campus Politécnico da Universidade Federal do Paraná (UFPR), em Curitiba, até o dia 8 de dezembro, e reúne oficinas, seminários, Feira da Agrobiodiversidade, Espaço Saúde, Culinária da Terra e apresentações culturais.
A programação também conta com oficinas de processamento de alimentos orgânicos, produção de bioinsumos, minhocário caseiro, entre outras. As experiências buscam conectar pessoas ao projeto agroecológico e à valorização da biodiversidade.
O evento segue até domingo (8), no Centro Politécnico da UFPR. Este ano a Jornada de Agroecologia conta com o patrocínio da CAIXA, Itaipu Binacional, Correios, Fundação Banco do Brasil e Governo Federal, e apoio da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Paraná (Seab), Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA) e do Desenvolvimento Social (MDA), Cooperativa de Crédito Cresol e Cooperativa Central da Reforma Agrária (CCA).
>> A programação completa com as oficinas pode ser acessada aqui



