Nós, mais de 2.000 camponeses e camponesas, pequenos agricultores e agricultoras, jovens, trabalhadores e trabalhadoras, educandos, educadores, mulheres, crianças, idosos e idosas, internacionalistas, militantes, comunicadores e comunicadoras, artistas, povos indígenas, comunidades tradicionais, quilombolas, faxinalenses, ribeirinhos e ribeirinhas, posseiros e posseiras,…
O morango é um dos frutos mais populares entre os consumidores. Além do sabor predominantemente adocicado, é rico em ferro e vitamina A. Essas propriedades, porém, não são as únicas substâncias presentes na maior parte das caixinhas vendidas em supermercados: o último relatório da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) apontou que, no Brasil, o morango é o segundo na lista de alimentos com maior teor de agrotóxicos. Mas, na contramão do agronegócio, experiências agroecológicas e da agricultura familiar no Paraná garantem o sabor da fruta sem comprometer seus benefícios à saúde, ao cultivar morangos sem nenhuma gota de veneno. A prática, as técnicas e o manejo de morangos orgânicos no assentamento Contestado, na Lapa (PR), foram lições ensinadas em uma das 30 oficinas oferecidas pela 16ª Jornada de Agroecologia. Da manhã à tarde desta quinta-feira (21), a programação garantiu o compartilhamento de experiências e a troca de conhecimento aos três mil participantes do evento. Dentre elas, a oficina de produção de morangos orgânicos uniu teoria e prática para estimular agricultores a buscar o plantio sem agrotóxicos. “Quando retornar ao meu lote, vou levar o que aprendi aqui e mostrar que é possível gerar renda com a agroecologia”, garante a agricultora Valdete dos Santos. (Foto: Oruê Brasileiro) Para Maicon Pederseti, mestrando em agrossistemas pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), a maior vantagem da programação de oficinas e da própria Jornada é ir na contramão do agronegócio, fomentando a produção alternativa e reduzindo custos de plantio. “Aqui vemos que é possível produzir de formas diferentes, sem insumos, sem químicos, sem venenos. A Jornada serve como espelho para mostrarmos à sociedade que é possível produzir orgânicos agroecológicos. É só vir e visitar, conhecer as experiências”, descreve. Pedeserti conheceu a produção do Contestado quando cursou a formação de Tecnólogo em Agroecologia na Escola […]
Norma Odara Brasil de Fato Uma terra livre de transgênicos e sem agrotóxicos. Este é um dos lemas que fazem parte da 16a edição da Jornada de Agroecologia que ocorre desde quarta-feira no Parque de Exposições da cidade de Lapa, no Paraná. Militantes de movimentos populares, estudantes de agronomia, artesãos e a população da região participam do evento para conhecer e apoiar experiências agroecológicas que respeitam a biodiversidade e cultivam alimentos saudáveis. Vários estados brasileiros e também delegações de países da América Latina, como Guatemala, Venezuela, Chile e Equador, participam da jornada. Roberto Baggio, do MST, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, destaca que a Jornada é fruto de experiências enraizadas e acumuladas pelos movimentos populares do campo, que atuam para garantir uma agricultura livre de veneno. “A jornada é uma grande atividade formativa, de estudo, de análise, de troca de experiência, de aprendizado, de convívio, de partilha de semente, de partilha de receita e que vai construindo este grande movimento que é o movimento pela agroecologia”, diz Baggio. O evento discute também os desafios contra a ofensiva do agronegócio. Neste ano, a jornada homenageia Valmir Mota de Oliveira, conhecido como Keno, militante do movimento popular Via Campesina, que foi assassinado em outubro de 2007 por uma milícia armada sob o mando de uma empresa transnacional. O papel das mulheres no campo também é pauta da Jornada. O tema foi discutido no seminário sobre agroecologia e gênero, do qual participou Priscila Facina Monerá, moradora do Assentamento Contestado, no Paraná, e educadora em agroecologia. “As mulheres camponesas, indígenas, quilombolas, de todos os povos, faziam agroecologia e não chamavam por este nome de agroecologia. Então é muito importante reconhecer a importância da mulher e como diria aquele grito de ordem: “sem feminismo não há agroecologia””, destaca a educadora. Uma […]
Por Julio Carignano Do Porém.net Morador do acampamento Nelson Mandela, município de Lindoeste, Imoacir Angheben, 59, é uma figura especial para a militância dos movimentos sociais de luta pela terra no Paraná. Seo Imoacir, como é conhecido, é um dos responsáveis pela alimentação na 16ª Jornada de Agroecologia, no município da Lapa. A cozinha que coordena é uma das mais requisitadas entre os espaços coletivos montados pelas delegações presentes no evento. Em média ele serve 520 refeições diárias, entre café da manhã, almoço e janta. No cardápio o feijão, arroz, carne, macarrão, mandioca, farofa, batata doce, polenta e salada de repolho. Em seu quarto evento consecutivo, Imoacir afirma que a cozinha das jornadas é bem mais que um simples local de alimentação, mas constitui-se em espaço de formação, confraternização e partilha entre a militância. “Esse é o coração da Jornada da Agroecologia, sem isso não tem outras atividades. Esse espaço é formativo. Aqui você lida com crianças, jovens, donas de casa, agricultores, expositores, dirigentes, convidados, imprensa. Toda a cultura da agroecologia é vivida neste momento”. Seu Imoacir teve seu primeiro contato com Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) em 2003 quando ainda era servidor do Estado do Paraná na cidade de Cascavel. “Ironia do destino eu nunca fui um simpatizante do MST, mas também nunca fui um crítico, pois eu não conhecia o movimento. Eu era funcionário da Codapar [Companhia de Desenvolvimento Agropecuário do Paraná] e, em 2003, fui cedido para Seab [Secretaria de Estado da Agricultura] para atuar no setor de vacinação de gados”. Foi neste momento que Imoacir conheceu acampamentos em Cascavel, Santa Tereza do Oeste e Lindoeste, no Oeste do Estado. Já afastado do serviço público devido a quatro cirurgias na coluna, em 2010 Imoacir resolve aceitar o convite de um amigo que morava no acampamento 7 […]
Por Carolina Goetten Do Brasil de Fato O Parque de Exposições da Lapa (PR) recebe, a partir desta quarta-feira (20), a 16ª edição da Jornada de Agroecologia. Serão quatro dias de diversas atividades voltadas ao incentivo à agrobiodiversidade e ao plantio sem veneno. O evento recebe mais de três mil pessoas, entre camponeses, agricultores e apoiadores da reforma agrária. Além das delegações do Paraná, participantes vieram de outros quatro estados brasileiros e de 10 países, em especial da América Latina. Mais de 60 expositores, dos mais diversos tipos de produção, compõe a feira permanente para comercialização de produtos agroecológicos. A ação ocorre no Parque de Exposições e Eventos da Lapa, BR 476 (Rodovia do Xisto) Km 66, e é aberta à população. Do campo para a cidade Essas produções sem agrotóxicos, fruto do modelo de cultivo familiar, podem ser encontradas em todo estado do Paraná. Exemplo disso é a Cooperativa Central de Reforma Agrária, que centraliza 17 cooperativas que plantam e colhem produtos orgânicos, e distribui semanalmente esses alimentos em pontos estratégicos de Curitiba. A lista de compras é divulgada via whatsapp a mais de 350 clientes. No início de outubro, será lançado um site na internet com o objetivo de dinamizar a distribuição (www.produtosdaterrapr.com.br) A entidade reúne a produção de 311 assentamentos em que moram 20 mil famílias beneficiadas por programas de reforma agrária. As encomendas são entregues nos bairros Xaxim, Sítio Cercado, Alto Boqueirão, Vila Isabel e Mercês. “Um caminhão passa pelos assentamentos do estado recolhendo os produtos e os traz a Curitiba para distribuí-los aos consumidores”, explica um dos responsáveis pela Cooperativa Central, Ademir Fernandes, do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). Mas o que é agroecologia? A agricultora Eliane Aparecida Veiga Schons e sua família vieram de Lindoeste para viver no assentamento Contestado, no município […]
Presidente do Conselho Nacional de Direitos Humanos (CNDH), Darci Frigo alerta para o aumento de casos de violência e criminalização contra os movimentos sociais. Apenas em 2017, 65 pessoas que defendem direitos humanos foram assassinadas. Os dados foram trazidos para 500 pessoas durante a Conferência de Abertura da 16ª Jornada de Agroecologia, nesta quarta-feira (20). A atividade realizada na cidade de Lapa (PR), a 70 km de Curitiba, segue até sábado. Frigo lembra que a violência contra militantes e ativistas não é recente – há anos os movimentos sociais têm lutado contra isso -, mas que o cenário se agravou a partir do golpe político que derrubou a presidenta Dilma Rousseff. Segundo ele, a retirada da presidenta do poder foi uma das formas de garantir a aprovação de pautas pouco populares, porque ferem os direitos da população. “A gente consegue ver o desmonte de vários políticas. O estado social está ameaçado de morte com a reforma trabalhista, a terceirização e o congelamento dos gastos públicos”, lamenta. Atingir os direitos sociais seria, na avaliação de Frigo, uma das formas de enfraquecer a mobilização popular. “Esses cortes orçamentários têm viés político e ideológico, para acabar com qualquer possibilidade de alternativa proposta pelos movimentos sociais”. Ameaça econômica e social Uma das grandes ameaça aos direitos sociais, segundo o presidente do CNDH, é Emenda Constitucional 55, que congela os gastos públicos por 20 anos. Ele indica que grandes cortes vão ocorrer em programas de distribuição de renda e de incentivo à produção agroecológica. O Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), que incentiva a agricultura familiar por meio da compra da parte da produção dos agricultores, pode sofrer duros cortes. Se em 2017 foram previstos R$ 318 milhões para o PAA, apenas R$ 750 mil devem ser disponibilizados para o programa em 2018. O […]