O post Agroecologia como estratégia de combate à fome apareceu primeiro em Jornada de Agroecologia.
]]>Por: Elisângela Bellandi Loss, Felipe Fontoura Grisa e Janete Rosane Fabro.
Texto publicado na edição 180/2023, da Revista Cambota.
Essa triste realidade nos assola há bastante tempo, resultado do modelo de desenvolvimento adotado pelo Brasil.
Na agricultura não é diferente, devido à característica principal do agronegócio, que é a junção da agricultura com os donos do capital industrial e financeiro, o que se traduz na máxima exploração dos recursos naturais no intuito de gerar lucros. O produto final são alimentos ultraprocessados de baixo valor nutricional ou matéria-prima para a exportação.
O Brasil é um dos maiores produtores agrícolas do mundo, não é à toa que no ano de 2022 exportamos só de soja 78 milhões de toneladas e de milho 43,5 milhões de toneladas, segundo dados da Associação Nacional de Exportadores de Cereais (ANEC), citado por Carneiro, 2023).
O IBGE estima que em 2023 a safra será recorde, com colheita de 305,4 milhões de toneladas de cereais, leguminosas e oleaginosas (IBGE, 2023). Contraditoriamente e somado a outras tantas injustiças e desigualdades sociais que a classe trabalhadora enfrenta, hoje, segundo a Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (Penssan) temos 33,1 milhões de brasileiros e brasileiras vivendo com insegurança alimentar grave e 125,2 milhões de pessoas vivem com algum grau de insegurança alimentar, segundo dados do (PINOTTI, 2023).
Diante desses dados, como admitir a existência da fome se temos uma enorme produção? Estamos produzindo o quê? Para quê? Para quem?
Paradoxalmente, percebe-se que ao longo do desenvolvimento desse modelo, quanto mais colhemos, maiores os recordes de produção, aumenta consideravelmente o número de pessoas que passam fome ou sofrem de desnutrição.
A fome está em todos os espaços. Dados da Penssan mostram que seis em cada dez habitantes que vivem no campo apresentam algum grau de insegurança alimentar (INFOMONEY, 2023). E que além desse quadro, analisando o que chega na mesa dos trabalhadores e trabalhadoras, a alimentação apresenta-se insuficiente em quantidade e também em qualidade.
Cabe ressaltar a grande contaminação dos alimentos produzidos com uso de agrotóxicos e transgênicos. Se não bastasse essa realidade, a falta de alertas em relação à baixa qualidade dos alimentos ultraprocessados induz à falsa fome, pois, apesar do acesso ao alimento, este não possui qualidade suficiente para nutrir o corpo, propiciando o desenvolvimento de diversas doenças crônicas não transmissíveis.
Estudo realizado por pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP), da Fiocruz, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e da Universidade de Santiago de Chile calculou o número de mortes prematuras (de 30 a 69 anos) associadas ao consumo de ultraprocessados no Brasil. Os dados indicaram que, por ano, 57 mil pessoas morrem prematuramente devido ao consumo desses alimentos. (TORRES, 2022)
No aspecto produtivo e distribuição das terras, os dados da concentração são alarmantes. Muito embora a agricultura familiar seja a grande responsável pela maior parte dos alimentos que chegam à nossa mesa e corresponda a 77% dos estabelecimentos rurais, ocupa somente 23% da área de todos os estabelecimentos rurais do país, segundo dados do Censo de 2017 (CONAB, 2021). O mesmo Censo aponta que somos um dos países com maior concentração agrária do mundo, onde 1% dos proprietários de terras detém 47% das terras usadas para produção agropecuária. Por outro lado, donos de terras com até 10 hectares ocupam somente 2,3% do total (BRASIL DE FATO, 2019).
Em relação à industrialização e o acesso aos alimentos, dados apontam que cerca de 60% a 70% do montante comprado por uma família é proveniente de apenas 10 corporações (ELIAS, 2021). Os dados demonstram a grande concentração tanto na produção quanto na industrialização dos alimentos. Ou seja, um pequeno grupo de indústrias transnacionais determina, desde 1990, o que comemos e como comemos.
Essa é a raiz do problema, vivemos em um modelo que concentra a riqueza e a terra, domina os processos de industrialização e distribuição dos alimentos, com enormes desigualdades e injustiças sociais. Para contrapô-lo, o que falta são políticas de produção e acesso aos alimentos de qualidade, de redistribuição da terra, de diminuição da desigualdade social e justiça social.
Agroecologia é o caminho
No Brasil, na década de 1970, agricultores e agricultoras, técnicos e técnicas que não comungavam com os princípios da Revolução Verde criaram o movimento denominado “agricultura alternativa”. Nos anos 1980 e 1990, o movimento passa a utilizar a nomenclatura “produção orgânica”, mas com o avanço do capitalismo verde, nos anos 2000 passa-se a utilizar o termo “agroecologia” para denominar o modelo de produção que se opunha aos modelos ligados ao capitalismo agrário.
No entanto, há uma confusão generalizada a respeito do significado da produção agroecológica e da produção orgânica. Quando se trata de abordar as questões que provocam a fome no Brasil, é fundamental esclarecer as diferenças entre elas.
Você sabe a diferença entre produção orgânica e agroecológica? Vamos lá!
Hoje a produção orgânica é conhecida como um conjunto de técnicas que substituem os agrotóxicos e adubos altamente solúveis por outros não prejudiciais à saúde. Porém essa forma de agricultura não debate a estrutura agrária nem a produção e distribuição de alimentos. Ela produz para o que chamamos “nicho de mercado”, que nada mais é do que produzir para quem puder pagar. Nesse sentido, essa forma de produção não altera o atual quadro da fome, de desigualdades, mesmo que tenha práticas menos agressivas ao ambiente. Muitas vezes, utiliza-se apenas o termo “sustentabilidade” ou “preservação ambiental” com meros interesses de venda e lucro. O mercado está em plena expansão e tem avançado com tecnologias como os bioinsumos em substituição ao pacote tecnológico convencional.
Já a agroecologia compreende que não adianta avançar nos processos produtivos sem repensar a estrutura fundiária, o acesso a tecnologias alternativas, o alimento como direito social, empregos dignos, saúde plena e o respeito a todas as formas de vida. Ela tem como princípio a mudança no modelo de desenvolvimento adotado, não apenas para o campo e do pacote tecnológico, mas pensar o desenvolvimento como um todo, levando em conta as questões sociais, culturais, ambientais e econômicas.
Foto: Geani Paula/Assesoar
A produção biodiversa, o debate do acesso aos alimentos, a qualidade dos alimentos, a renda das famílias, a saúde e a preservação ambiental são algumas das bandeiras da agroecologia. Dessa forma, ser agroecologia é combater todas as formas de violência e discriminação, é fortalecer a reforma agrária popular, preservar territórios dos povos tradicionais, como indígenas e quilombolas, é acessar os recursos naturais com vistas a sua preservação e ampliação para as futuras gerações, é a lutar pela qualidade de vida no campo e na cidade. Enfim, é defesa de todas as formas de vida!
Se tem agroecologia, não tem fome!
A agroecologia no Sudoeste do Paraná
Na região Sudoeste do Paraná temos a presença da Rede Ecovida de Agroecologia, através do Núcleo Sudoeste, a qual articula as famílias que produzem de forma agroecológica no processo participativo de certificação da produção.
Atualmente são 12 grupos com certificados ativos, distribuídos em 14 municípios, e outros em processo de criação. Estão certificadas agroindústrias de doces e conservas, sucos, plantas bioativas e queijarias, além da produção in natura das famílias, como hortaliças, frutas e cereais.
Foto: Assesoar
O Núcleo Sudoeste é acompanhado pelo Centro de Apoio e Promoção da Agroecologia (CAPA/FLD), Núcleo Verê, pela Associação de Estudo, Orientação e Assistência Rural (Assesoar) e pela Cooperativa Central da Agricultura Familiar Integrada do Paraná (Coopafi) Francisco Beltrão. São 47 famílias certificadas e mais de 30 em processo de certificação. As famílias, além de abastecerem as feiras locais, a entrega de sacolas e venda de casa em casa, atendem a boa parte da alimentação que chega até as escolas via programas institucionais (PNAE, Compra Direta).
Entre as famílias que fazem parte da Rede está a de Deise Kerkhoff e Edenir Basso, do município de Marmeleiro. Em uma unidade de produção e vida familiar de 4,2 hectares, eles produzem 53 variedades de hortaliças, frutas, plantas bioativas e cereais. A principal forma de comercialização é a direta: na feira municipal, entrega de casa em casa e em programas institucionais.
Já Cleonice Freitas Gurgel e Gilson Gurgel, de Francisco Beltrão, possuem uma pequena queijaria, que processa mensalmente 5.400 litros de leite, resultando em 900 kg de queijo que é todo comercializado nas feiras municipais.
Em se tratando de raízes, com foco específico na alimentação escolar, Vonibaldo Korb, também de Francisco Beltrão, em sua unidade de produção e vida familiar de 10 hectares, produz semanalmente 300 kg de batata doce e 200 kg de mandioca. Os alimentos são comercializados através da Cooperativa Central da Agricultura Familiar Integrada do Paraná, de Francisco Beltrão.
Atualmente a Coopafi/FB chega a comercializar 6500 kg por mês de alimentos agroecológicos. Entre os cooperados/as, hoje são nove agricultores certificados e seis em transição.
A Plataforma da Comida Saudável
A transição e produção agroecológica, a agroindustrialização e canais de comercialização direta dos alimentos, na perspectiva de articulação campo e cidade, fazem parte das diretrizes da “Plataforma da Comida Saudável”, projeto popular coordenado pelo Fórum Regional das Organizações e Movimentos Populares do Campo e da Cidade do Sudoeste do Paraná. Além de realizar ações articuladas que ampliem a produção e acesso de alimentos saudáveis, as organizações e movimentos visam construir e fortalecer processos formativos e organizativos na perspectiva da incidência política e garantia de direitos da classe trabalhadora.
Dentre as principais diretrizes das propostas está o acesso a alimentos de forma direta e com preços justos para a classe trabalhadora. Pesquisa realizada pela UTFPR de Pato Branco sinaliza que os preços médios dos principais alimentos agroecológicos (banana, brócolis, cenoura, limão e tomate) praticados nas feiras dos bairros, entre setembro/2020 e agosto/2022, permaneceram com valor médio abaixo dos mesmos alimentos convencionais e orgânicos comercializados em supermercados da cidade. Isso evidencia que a proposta da Plataforma da Comida Saudável é importante tanto para o campo como para a cidade.
Políticas públicas para a agroecologia
Para maior avanço da agroecologia, é fundamental a existência e implementação de políticas estruturantes, tanto no âmbito municipal como estadual e federal, que a tenham como foco estratégico.
No âmbito federal, através do Decreto Presidencial nº 7.794, em 2012 foi instituída a Política Nacional de Agroecologia e Produção Orgânica (PNAPO). Esta, após muitos anos sem efetividade concreta na aplicação das ações previstas em seu plano, foi retomada pelo governo federal no lançamento do último plano safra (28 de junho). Junto com a revisão do decreto da política institui-se o retorno da Comissão Nacional de Agroecologia e Produção Orgânica (CNAPO) e a Câmara Intersetorial de Agroecologia e Produção Orgânica (CIAPO).
No estado do Paraná, desde 2014, a Câmara Setorial de Agroecologia e Agricultura Orgânica, vinculada ao Conselho Estadual de Desenvolvimento Rural e Agricultura Familiar do Paraná (CEDRAF), tem buscado incidir através da proposição de minuta de projeto de lei para criação de uma Política Estadual de Agroecologia e Produção Orgânica. A Articulação Paranaense de Agroecologia (APRA), criada mais recentemente, se somou a essa pauta. No entanto, após várias tentativas de incidência, até o momento não houve avanços. Espera-se que com a recente formação da Frente Parlamentar da Agroecologia e Economia Solidária o Projeto de Lei nº 823/2017, apresentado pelo deputado Lemos (PT), seja aprovado integralmente pela Assembleia Legislativa e crie-se então a política estadual. Na primeira votação, no final de 2022, o plenário da Assembleia aprovou um texto substitutivo ao projeto, o qual desconfigurou a proposta original.
A perspectiva de que no Paraná a alimentação escolar seja 100% orgânica até 2030 é um ótimo incentivo ao aumento da produção agroecológica. No entanto, para que isso seja possível é fundamental não só criar a demanda, mas avançarmos no fortalecimento do acompanhamento técnico voltado para a agroecologia, um crédito com visão sistêmica da produção agroecológica, facilitação das tecnologias ecológicas, incentivo à agroindustrialização, ao cooperativismo e ao associativismo.
Nos meses de julho e agosto aconteceram as Conferências Municipais, Regionais e Estadual de Segurança Alimentar e Nutricional, organizadas pelos Conselhos Municipais de Segurança Alimentar e Nutricional. As conferências trazem como tema “Erradicar a fome e garantir direitos com comida de verdade, democracia e equidade”. Na sequência delas, com a retomada do Consea, em âmbito nacional, em dezembro ocorrerá a 6º Conferência Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional. Esses espaços são um chamado à sociedade civil e ao poder público para celebrar os avanços no âmbito da segurança alimentar e nutricional, olhar para os limites ainda existentes e assim indicar políticas, programas e ações que fortaleçam a produção e o acesso à comida de verdade.
Salientamos a importância das políticas em todas as esferas, com um plano de ação e projetos articulados, que contemplem as frentes necessárias para o fortalecimento da produção agroecológica, em uma perspectiva duradoura. Para isso, é fundamental organizações e movimentos populares estarem articulados na construção e proposição de políticas públicas, assim como atuantes no fortalecimento dos espaços participativos de diálogo com instância de governos, visando incidir, efetivar e monitorar as políticas conquistadas.
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]]>O post Grupo internacionalista de Venezuela e Argentina recebe sementes crioulas na Jornada de Agroecologia apareceu primeiro em Jornada de Agroecologia.
]]>Foto: Juliana Barbosa
Por Murilo Lemos Bernardon
As sementes crioulas de vários produtores agroecológicos do sul do Brasil vão germinar em solo argentino e venezuelano. Isso porque um grupo de 39 internacionalistas, 35 vindos de diversas comunas da Venezuela e quatro da organização Federação Rural na Argentina, receberam uma variedade de espécies de sementes crioulas produzidas pela Rede de Sementes Agroecológicas BioNatur e pelo Coletivo Triunfo na 20ª Jornada de Agroecologia. A entrega ocorreu durante a visita de João Pedro Stedile, da direção nacional do MST, à 20ª Jornada de Agroecologia.
No evento, ocorreu a partilha de 5 mil kits de sementes da BioNatur, além de mudas de árvores doadas pela Itaipu Binacional. A brigada internacionalista vai levar sementes de abóbora, amendoim, soja orgânica — todos são produtos agroecológicos, sem transgenia. Também houve compartilhamento de sementes de feijão preto, dentro de uma variedade de mais de 80 espécies diferentes na barraca das Sementes Crioulas, do Coletivo Triunfo, na Feira da Agrobiodiversidade. O feijão preto faz parte da base da alimentação venezuelana e é um dos ingredientes principais do Pabellón criollo, considerado o prato símbolo nacional da Venezuela.
O casal Cesar Luis Kerber e Cida Kerber fazem um trabalho de resgate, produção, reprodução, manutenção e disseminação de sementes crioulas, livres de transgenia e de agrotóxico. Cesar afirma que esse compartilhamento “pode significar a soberania, porque o sistema capitalista chega e se apodera da cultura, da natureza, e por que não da biodiversidade de cada espaço que ele invade”.
Foto: Juliana Barbosa
“Para nós é gratificante poder fazer com que chegue nas mãos de pessoas necessitadas esses materiais genéticos que a gente cuida há tanto tempo, tantos anos”, conclui, que mora com a família no assentamento Contestado, na Lapa
Stedile acompanhou a seleção de sementes, no espaço do Coletivo Triunfo — a ideia é levar essa diversidade de sementes de feijão preto para a Venezuela para reproduzi-las e compartilhá-las com o povo, comunas, organizações dos movimentos sociais, do campo e da cidade.
Segundo ele, “um dos papéis da Jornada é esse, é promover o intercâmbio, a troca de ideias, experiências e deu essa casualidade que o Fhelipe está aqui com uma turma de quarenta jovens lá da Venezuela, quatro a companheiras também agricultoras da Argentina. Eles estão aqui convivendo aprendendo e nós estamos combinando aqui qual é a variedade que nós vamos pegar desse casal maravilhoso e levar para a Argentina e para a Venezuela, para que esse trabalho maravilhoso de reproduzir as sementes, de ser zeladores da sementes possa se multiplicar em outros países”.
Acompanhados por Fhelipe Emannuel, militante do MST de Alagoas, os internacionalistas fazem parte do Instituto de Educação Josué de Castro, do MST, em Viamão, no Rio Grande do Sul — uma escola de formação técnica em administração de cooperativas. Durante o curso, que dura seis meses ao todo, o grupo passou uma semana na BioNatur, uma rede de agricultores assentados pela Reforma Agrária, de produção de sementes com base agroecológica, e visitou outras cooperativas, de produção de arroz, de leite, por exemplo, em Minas Gerais, Santa Catarina e São Paulo.
Fiiorela Lazo, militante da Federação Rural na Argentina, explica que o espaço foi importante para adquirir muita aprendizagem. “Não só para nós mesmos, mas também para compartilharmos com nosso povo, já que nossa bandeira deve ser a agroecologia e devemos lutar contra a crise climática e contra o sistema capitalista”.
Outra militante da brigada internacional, Ana Luisa Sepulveda, vinda das comunas da Venezuela, afirma que o MST é um exemplo da América Latina em agroecologia: “ensinando aos povos irmãos, para que possamos nos apropriar e internalizar esse conceito, essa forma de vida, a ‘utopia dos povos’, o que sempre sonharam e o que ancestralmente praticavam os indígenas”, conta.
Foto: Juliana Barbosa
A Venezuela vivia a partir da venda de petróleo e, com a impossibilidade do comércio devido ao bloqueio econômico que sofreu dos EUA e do sistema internacional de transações bancárias SWIFT, a renda de exportação deixou de existir. Como resposta, o país teve que se voltar para a produção de alimentos para abastecer a população e o mercado interno.
“Nos últimos quatro anos estive com a nossa brigada internacionalista Apolônio de Carvalho na Venezuela, que já tem dezoito anos contribuindo com o povo venezuelano, reproduzindo as sementes, principalmente sementes de hortaliças, que são mais rápidas de produção para alimentar o povo. E também a gente trabalha com a questão da da assistência técnica com os produtores mais voltados para a produção mesmo”, conta Fhelipe Emannuel.
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]]>Bateria da Unidos da Lona Preta. Fotos Juliana Barbosa
Por Isabela Cunha
Em sentido geral, a Agroecologia é compreendida como um conjunto de práticas que visam transformar os sistemas de produção e de consumo. Mais do que o abandono dos agrotóxicos, trata-se de um saber científico e um projeto político que propõe que as relações humanas e os modos de vida sejam transformados ao mesmo tempo em que se transforma a produção agrícola. O projeto agroecológico se apresenta, desta maneira, como caminho para reconstruir o mundo de maneira sustentável, tanto para a natureza, quanto para os seres humanos.
Ao longo da 20ª Jornada de Agroecologia, realizada entre os dias 22 e 26 de novembro, na UFPR – Rebouças, em Curitiba, o público pode participar de mais de 60 atividades em torno do tema. Foram oficinas, palestras, conferências e seminários que debateram o projeto sob diversos pontos de vista. Além das atividades formativas, mais de 20 atrações artísticas, subiram ao palco para marcar também a dimensão cultural do projeto agroecológico.
Bloco pré-carnavalesco de Curitiba Garibaldis e Sacis. Fotos: Juliana Barbosa
Bloco Afro Pretinhosidade. Foto: Vândala
“Para pensar a relação entre cultura e agroecologia é melhor começar pela origem da palavra. Cultura vem do verbo cultivar. Na sua origem, a palavra tinha a ver com o trabalho humano sobre a natureza, com aquilo que o ser humano fazia para plantar, para colher, produzir a sua existência e dar conta das suas necessidades”, explica Ana Chã, do coletivo de Cultura do MST.
“Com o tempo, a palavra foi ganhando outros significados, como cultivo da alma, cultivo dos sentidos, um cultivo que vinha muito das práticas artísticas, da música, da literatura, de poder pintar um quadro, poder se expressas através da poesia, mas mantendo sempre num vínculo com a natureza e com a interação entre os seres humanos”, complementa.
Ana Chã e o grupo As Cantadeiras. Fotos: Wellington Lenon
Ana Chã subiu ao palco da Jornada de Agroecologia com o grupo As Cantadeiras, um grupo formado por quatro mulheres militantes do MST que atuam no campo da educação e da cultura e conservam entre si uma longa relação de amizade. “Há uns 14 anos, coincidiu de estarmos todas na cidade de São Paulo. A gente tinha ânsia de usar a arte e a cultura como um instrumento de encontro, de amizade, mas também de luta”, conta Chã.
“A gente começou a se encontrar de forma casual, cantando juntas, inclusive com outras companheiras. Com o tempo, firmamos esse grupo das quatro e firmamos também o nosso repertório, com músicas do cancioneiro latino-americano, das lutas internacionalistas, e também das canções que catam o campo, que cantam a terra e as lutas feministas, um elemento muito forte no nosso trabalho”, comenta.
Performance “Palestina Livre”, de Arauto Dalma. Fotos: Juliana Barbosa
Brincar orgânico
Nos terrenos da cultura popular, quem também construiu a programação cultural da 20ª Jornada de Agroecologia foi a Cia Mirabólica, uma companhia de teatro Curitibana que é parceira da Jornada e do MST há muito tempo. Segundo contam Luz Medeiros e Ronaldo Pituim, atores da Cia, uma das preocupações centrais do trabalho é pensar a cultura incluindo as crianças.
“A gente tem refletido muito enquanto companhia sobre o brincar e sobre a primeira infância. E aí, quando a gente vem para a jornada, um lugar onde a gente tá discutindo as diversas culturas, o combate ao veneno, a gente começa a refletir também sobre essa hipótese de um brincar orgânico. Do mesmo jeito que a gente quer que a nossa alimentação seja saudável e tenha vida, a gente tem que cuidar do brincar, porque o brincar é o alimento da criança”, defende Pituim. “Se a gente não come plástico, não come lixo, por que as crianças precisam brincar com isso?” provoca.
“O espetáculo que a gente trouxe para a Jornada foi o ‘Contadeira: histórias e brincadeira’, um espetáculo criado a partir da pesquisa sobre os brincantes e brincadeiras da cultura popular do Brasil”, relata Luz Medeiros. Segundo ela, o espetáculo é fruto da pesquisa de Pituim, que investiga cantigas e histórias populares de várias regiões do Brasil para apresentar às crianças das diversas regiões do país. “O que temos buscado, por meio dos espetáculos, é trazer essas histórias da cultura popular de todo o Brasil, propondo um brincar que seja acolhido pelos olhos das crianças e que também gere reflexão para os adultos”, concluem.
Luz e Pituim, da Cia Mirabólica. Fotos: Lia Bianchini
O samba faz a luta, a luta faz o samba
Presente em vários momentos da Jornada, a Unidos da Lona Preta atravessou a programação. Formada nos territórios de reforma agrária, a batucada do MST nasceu em São Paulo, retomou suas práticas no Paraná, e hoje tem integrantes de todas as regiões do estado. Gisele David, jovem do assentamento Celso Furtado, conta que para ela a relação da Lona Preta com a agroecologia se dá de diversas maneiras.
“Nós acabamos de cantar uma música que relembra o companheiro Keno, cantamos o Paulo Freire no Carnaval passado, a Unidos tem esse papel de utilizar o samba para falar das lutas e da agroecologia, de forma didática e prazerosa”, avalia. Para ela, que toca caixa, a batucada proporciona uma nova relação entre a juventude camponesa e o samba “Até eu conhecer a Unidos da Lona preta, eu não conhecia o samba, eu não tinha esse contato. A partir do momento que a unidos consegue estar presente no nosso território, proporcionando o contato com o samba, a gente compreende a música como instrumento de luta, a linguagem da arte vai se tornando parte do nosso viver cotidiano”, conclui.
Bateria da Unidos da Lona Preta. Fotos Juliana Barbosa
Para Ana Chã, não há mesmo uma linguagem específica para a cultura da agroecologia. “Se a gente for pensar o que seria hoje uma cultura da agroecologia, eu acredito que seria essa cultura da diversidade, de ouvir um rock como esse que está tocando agora [no palco da Jornada], e depois ouvir uma viola caipira, um grupo de fandango, um grupo de matriz africana. Mais do que a gente dizer que essa é a arte ou essa é a manifestação que representa a agroecologia, eu acredito que essa diversidade que aguça os nossos sentidos é o que devemos considerar”, defende.
Quarteto Poty. Foto: Murilo Pilatti
“Se em alguma medida o agronegócio achou na indústria cultural uma parceira para passar a sua mensagem, a gente tem na agroecologia também esse potencial, de trazer as formas populares, a diversidade da cultura popular, e esse potencial humano de transformação, que precisa ser trabalhado e precisa ser cultivado no sentido da liberdade”, conclui.
Entre os palcos do Festival do MST, do Café Ana Primavesi e da Ciranda Gralha Azul, a 20ª Jornada de agroecologia recebeu shows, apresentações teatrais, filmes, documentários, exposições fotográficas e lançamento de livros. Confira a lista completa das atrações.
Buda Bong
Bloco Pré-Carnavalesco Garibaldis e Sacis
Unidos da Lona Preta
Leci Brandão
Quarteto Poty
As Cantadeiras
Grupo de Teatro do Oprimido da FAP
Cia Mirabólica
Lançamento livro “O Povo de Lula” – Leandro Taques
Érico
Bia Ferreira
Sr. Barão
Lançamento do documentário “A Flor da Pele EP. Marmitas da Terra”
Roda de Samba com Bloco Boca Negra
Petrus Cuesta
Matula Root
Roda de Capoeira da Associação de Capoeira Angola Dobrada
Bloco Afro Pretinhosidade
Fandango Mandicuera
Grupo Dona Mariquinha
Chico César
Filme “De Quanta Terra Precisa o Homem?” Eduardo Moreira
Lançamento do documentário “Antes do Prato” Greenpeace
Grupo de cantores do MST Paraná. Foto: Juliana Barbosa
O post Agroecologia: Cultura é parte do projeto político e ambiental que pretende transformar a sociedade apareceu primeiro em Jornada de Agroecologia.
]]>O post Comunidade premiada por recuperar a Mata Atlântica recebe 4ª Festa da Reforma Agrária de Antonina apareceu primeiro em Jornada de Agroecologia.
]]>A festa terá feira agroecológica, almoço e jantar gratuitos e muita música. Foto: Juliana Barbosa
Por Setor de Comunicação e Cultura do MST-PR
O próximo sábado (09/12) será dia de celebrar a cultura caiçara e camponesa, na 4ª Festa da Reforma Agrária, no assentamento agroflorestal José Lutzenberger, em Antonina, litoral do Paraná. A festa já é uma tradição na comunidade agroflorestal, reconhecida como parte do Calendário de Eventos Turísticos do Paraná.
A programação começa bem cedo, às 6h, com a Procissão de Bandeira do Divino, e segue ao longo de todo o dia com visita às agroflorestas da comunidade, trilha do mirante, banho no rio Pequeno, que margeia o assentamento, entre outras atividades.
Procissão da Bandeira do Divino, durante a 3ª edição da festa, em 2022. Foto: Juliana Barbosa – MST/PR
Muita música e dança estarão garantidas com samba e fandango caiçara. A primeira atração será às 15h, com a Roda das Manas, formada por mulheres e pessoas não binárias do litoral do estado, que traz e desenvolve toda a potência das mulheres na música.
Roda das Manas durante a 3ª edição da Festa, em 2022. Foto: Ivo Reck
A programação segue com a peça de teatro “Brincadeira ou Injeção”, criada e apresentada por Rogério Soares, da Cia. Povaréu de Teatro. É uma história para crianças e adultos, utilizando o formato de contação de história, com bonecos de manipulação direta, músicas e interações com o público. A peça fala de amizade, mau-humor e brincadeiras de criança.
Rogério Soares e a peça “Brincadeira ou Injeção”. Foto: Divulgação
O grupo Mandicuera assume o baile a partir das 20h, e promete manter a tradição de amanhecer no ritmo do fandango caiçara. Conhecido no estado pelos bailes de fandango e pela valorização, preservação e desenvolvimento das manifestações culturais dos povos do litoral paranaense, o grupo faz parte da Associação de Cultura Popular da Ilha de Valadares, que é uma das realizadoras da festa.
O grupo Mandicuera faz parte da Associação de Cultura Popular da Ilha de Valadares, do litoral do Paraná. Foto: Divulgação
Tanto o almoço quanto o jantar são gratuitos, e terá uma caixinha de colaboração espontânea do evento todo. Também haverá feira agroecológica, que vai reunir a produção das famílias da comunidade e de outros acampamentos e assentamentos do MST do estado. Estarão à venda produtos in natura, processados e artesanatos.
A realização é do MST, da Associação Filhos da Terra, que reúne famílias da comunidade, e da Associação de Cultura Popular da Ilha.
Comunidade José Lutzenberger
O acampamento é referência de resistência camponesa e caiçara, é formado por cerca de 30 famílias e está localizado em parte da Área de Proteção Ambiental (APA) de Guaraqueçaba, no litoral norte do estado. Antes de ser ocupado pela comunidade, o território era devastado pela pecuária extensiva de búfalo e por crimes ambientais, como o desvio do leito do Rio Pequeno, que atravessa a área.
Comparação entre imagens de satélite antes (2002) e depois (2021) da ocupação. Fonte: Google Earth, 2021.
Desde a ocupação do território, os camponeses iniciaram um trabalho de recuperação do bioma da Mata Atlântica, aliado à produção de alimentos a partir da agroecológica e da agroflorestal – sem utilização de agrotóxicos e com integração da produção de alimento com a mata nativa.
Após todo esse processo e recuperação da mata ciliar, o Rio Pequeno voltou ao seu curso normal. Por conta deste trabalho, em 2017 a comunidade recebeu o prêmio Juliana Santilli de Agrobiodiversidade.
Confira a programação completa:
6h – Alvorada seguida de Procissão de Bandeira do Divino
11h – Mística
11:45h – Abertura com falas
12:30h – Almoço (gratuito)
14h – Apresentação da Comunidade
15h – Roda das Manas
18h – Teatro para crianças
19h – Janta (gratuita)
20h – Baile com grupo Mandicuera
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]]>Por Gregory Augusto Cunha
Foto: Luiz Gonçalves
Ao invés de bebidas industrializadas, repletas de químicos pesados, os participantes da 20º Jornada da Agroecologia, puderam contar com a “Garapa Agroecológia”, caldo de cana com certificação de orgânico (Rede Ecovida) feito com cana de açúcar agroecológica, que é cultivada em Adrianópolis (PR).
Ela viajou mais de 130km na boleia do caminhão do produtor rural agroecológico, Milson Armstrong, que além de transportar, é também o responsável do plantio, cultivo, colheita e comercialização, de toda a cana de açúcar que veio adoçar o paladar e nutrir os participantes da jornada, servido no espaço “Culinária da Terra”, dentro 20º Jornada da Agroecologia.
Fruto de uma parceria entre a Prefeitura Municipal de Adrianópolis (PR) que através da Secretaria de Agricultura, realiza o programa de apoio aos agricultores agroecológicos do Município, cedendo o uso caminhão e um funcionário para o transporte.
A região do “Vale Ribeira” onde está Adrianópolis (PR) é considerada pelos institutos de análise, um dos Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) mais baixos do estado.
E adivinha quem é o funcionário da prefeitura…? Sim, o senhor Milton, além de produtor agroecológico, é também servidor da prefeitura e atua no programa de apoio. Parabéns a atual gestão de Adrianópolis, que com isto possibilita além da divulgação e comercialização de alimentos agroecológicos, também favorece a Rede Agroecológica no estado do Paraná.
(Colaboraram com esta matéria AOPA/ECOOTOPIA)
Espaço Culinária da Terra na 20ª Jornada de Agroecologia | Foto: Daniele Comarella
Produtor Rural Agroecológico, Milson Armstrong | Foto: João França
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]]>Lançamento da campanha na 20ª Jornada de Agroecologia em Curitiba. | Foto: Juliana Barbosa
Por Jade Azevedo
Na última sexta, 24, Davi Martins, integrante da Secretaria Nacional de Comitês dos Movimentos Populares, trouxe para a 20ª Jornada de Agroecologia o convite para que as organizações, sindicatos, Comitês Populares e MST se somassem à Campanha de Solidariedade Contra a Pobreza e a Fome. A campanha tem como dias D 16 e 17 de dezembro deste ano. “Hoje nós lançamos e convidamos todos os movimentos, organizações e a classe trabalhadora a se comprometer, assim como nos comprometemos na pandemia e na luta contra o governo neofacista, a seguir na luta solidária do combate à fome e à miséria”, comentou.
Segundo a Secretaria Nacional de Comitês dos Movimentos Populares, a Jornada Nacional de Solidariedade Contra a Pobreza e a Fome o combate à fome não é uma luta única de um governo, mas trata-se da luta de um país inteiro pela sua emancipação. No documento elaborado como divulgação e chamado à mobilização: [quem apoia Lula precisa mobilizar mais gente para apoiar os projetos de mudança. Quando a sociedade se mobiliza e cobra, o governo tem mais força para avançar com suas ações].
No atual governo as medidas políticas estão sendo retomadas, mas a fome marca a vida de mais de 19 milhões de brasileiro, e a insegurança alimentar está presente em muitos lares. “Nosso comprometimento é buscar este fim de ano, aqui no Paraná e em outros estados, junto com todos os movimentos urbanos, MST, igrejas, sindicatos a permanecer nessa luta de combate a fome, e fazer uma grande mobilização nacional que demonstre a necessidade da ampliação das políticas de combate a fome e insegurança alimentar no país e deixar essa mensagem de que a solidariedade é um compromisso de classe, um comprometimento com o comportamento de sermos a cada instante um pouco diferente e o vínculo com a nossa classe”, ressalta.
Foi desenvolvido uma proposta metodológica da jornada que tem o objetivo não só de combater, mas de debater o tema da fome, dialogando com a mensagem do Natal Sem Fome. Nesse sentido, é pressuposto a necessidade de articulação de diversos setores que já atuam com esse tipo de trabalho. A secretaria de articulação dos Comitês Populares tem a tarefa de ajudar a aproximar esses diferentes sujeitos nas articulações gerais e nos territórios, criando uma jornada que mobilize e se guie através de algumas atividades propostas pela secretaria que foram identificadas como essenciais no combate à fome nos últimos anos.
É importante que as ações se desenvolvam em torno do acesso ao alimento, mas também tenham um potencial politizador das políticas do governo. Nesse sentido é importante que o governo contribua para potencializar as ações em conjunto com jornada, no apoio com alguns serviços públicos e profissionais para o acesso às políticas e programas.
Dessa forma, a secretária aponta as seguintes demandas para o governo:
● Aquisição de alimentos da Reforma Agrária, para desenvolver atividades no tema da alimentação (como na produção de refeições nas cozinhas populares, distribuição de cestas, entre outras);
● Apoio dos serviços de assistência social nas cidades onde ocorrerá a jornada, para que seja possível montar uma mesa de informações sobre os programas e políticas públicas (Cadastro no Gov.br, Regularização do cadastro no CAD único, Auxílio no cadastramento do Desenrola Brasil; Informações sobre Previdência Social e BPC; auxiliar nas informações sobre a Regularização e negociação do FIES; informações e serviços do Portal Emprega Brasil, entre outros);
● Apoio dos órgãos de emissão de documentos, para expedir: carteira de identidade, CPF e Carteira de Trabalho;
● Apoio dos postos de Saúde da Família (com assistência médica em geral, vacinação contra a COVID, saúde da mulher, entre outros serviços);
● Apoio da da Defensoria Pública nas cidades que existir esse tipo de serviço;
● Apoio na oferta de serviços do sistema Sesi para as atividades.
Para participar entre em contato com o Movimentos Populares, Sindicatos e Igrejas da sua região.
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]]>O post Artesanato, oficina, cantos e seminários: povos indígenas do Paraná compartilham saberes ancestrais na 20ª Jornada de Agroecologia apareceu primeiro em Jornada de Agroecologia.
]]>Foto: Ana Beatriz Pazos
Por Isabela Cunha
A Jornada de Agroecologia é um evento de fôlego que busca discutir de maneira profunda os desafios e possibilidades da agroecologia como projeto de transformação da sociedade. Ao longo da programação da 20ª edição, que aconteceu entre os dias 22 e 26 de novembro, na UFPR – Rebouças em Curitiba, seminários, oficinas, palestras, conferências e apresentações culturais foram organizadas para que os povos do campo, da floresta, dos rios e da cidade pudessem se articular e se fortalecer a partir dos saberes e fazeres agroecológicos. Uma proposta como essa não poderia ser realizada sem a presença indígena.
Para garantir essa aliança, a cacique Andrea Guarani foi uma das lideranças presentes na programação e, além de assistir a jornada, também participou de debates sobre saúde popular e luta feminina. “É a primeira vez que eu participo da Jornada, e eu não vim sozinha. Junto com outras mulheres falamos sobre as ervas medicinais e a luta pela saúde popular”, contou em entrevista. Para ela, o evento reforçou a intuição que já tinha sobre a necessidade abrir os territórios e os saberes originários para os povos não-indígenas. “A gente vê que todo o pensamento sobre saúde está muito industrializado, tem tudo muito fácil na farmácia. E a gente quer mostrar que por fora dessa indústria tem uma espiritualidade que nos ajuda a encontrar a cura”, comenta.
Foto: Ana Beatriz Pazos
A indígena Kixirrá Jimamadi explicou que seu trabalho segue a mesma linha. “Para nós, mulheres indígenas Jamamadi, a cura brota da natureza, das medicinas naturais bem plantadas, em terra sadia e sem veneno”, reforça. Kixirrá trouxe para a programação da Jornada debates sobre mulheres, ervas medicinais e sobre a Cannabis medicinal. “Por que não aprendemos mais sobre essa planta milenar que está dentro da farmácia viva de tantos povos? Por que o Brasil insiste em criminalizar uma planta por conta de um cigarro natural, sendo que o outro, que comprovadamente mata, é vendido normalmente? O que eu tentei foi fazer essa discussão dentro da lógica da saúde popular, porque mesmo com toda a potência medicinal, eu sei que há muito preconceito dentro das aldeias e dos nossos territórios”, analisa.
Artesanato, natureza e belezas vivas
Além dos seminários e oficinas, a presença dos povos indígenas também teve grande expressividade no sentido das expressões artísticas e da cultura. A Feira da Agrobiodiversidade, parte da programação da Jornada, contou com um setor de artes e artesanato que teve joias indígenas como um de seus destaques. “O nosso artesanato traz um discurso muito ideológico e até filosófico, porque se tratam de joias vivas, feitas a partir de plantas que não foram mortas para se transformar em acessórios. Ao contrário, são sementes selecionadas, e são deixadas na terra aquelas que podem ainda se regenerar. Você tem o pau brasil, a sororoca, e se você não usa essas joias, elas morrem como as pérolas”, conta Kixirrá. “é uma beleza viva, traz o entendimento de que eu não preciso desmatar para ficar bonita”, conclui.
Fotos: Vândala
Além do artesanato, os povos indígenas levaram apresentações culturais, rezas e mística para vários momentos da jornada, como o seminário de discussão sobre a luta das mulheres, que teve uma linda abertura com cânticos indígenas. “É preciso compreender que a nossa presença não se dá só pela fala, ou pela formação. A nossa presença é nosso canto, nosso espírito, nossas cores, nossa voz”, proclama a indígena Jovina Renhga, etnia Kaingang.
Uma luta de mulheres
É notável, quando observamos a atuação dos indígenas na Jornada, que há uma presença forte de mulheres. Os homens estão muito presentes, mas mais de uma vez a liderança, representação e articulações são assumidas pelas mulheres, que falam e ensinam. Para a cacique Andrea Guarani, essa é uma surpresa apenas para quem está fora dos territórios indígenas. “A luta da mulher indígena é a mesma do povo indígena, é a luta pelo território, para manter a nossa cultura e pelos nossos direitos. E ela é muito mais forte e mais difícil por sermos mulheres. Dentro dos territórios é comum ver mulher na liderança, mas fora ainda existe a expectativa de que o cacique seja aquele senhor, homem, mais velho, e a gente vem quebrando essa barreira, que existe fora do território e não dentro”, explica a Cacique.
Para ela, a mensagem dos indígenas está chegando aos poucos “A participação indígena nesse meio, nesses eventos importantes como a Jornada, ainda é menor do que a gente gostaria. Somos muitos povos com a sabedoria de viver e preservar o território e a floresta, o certo seria estarem todos aqui, mas a gente vai melhorando”, conclui.
Foto: Ana Beatriz Pazos
Para Kixirrá, a participação dos povos indígenas cumpre a tarefa de trazer provocações. “Como diz uma música que eu ajudei a criar quando eu ainda era adolescente: ‘eu tô aqui pra cutucar, cutuca aqui, cutuca lá’, eu tô cutucando, sabe? Eu não quero chamar atenção, eu quero acordar mentes, cutucar para ver se o povo entende que se trata de defender a nossa casa, o nosso planeta. E essa casa comum é a única, não tem Plano B. Eu espero estar cutucando e acordando as pessoas para isso” conclui.
A 20ª Jornada de Agroecologia recebeu povos guarani, Kaingang, Jamamadi, do Paraná, e Noke kuin, do Acre. Entre as participações, os povos indígenas trouxeram os seguintes seminários e oficinas: “Cannabis medicinal na saúde popular” com Coletivo Urbano Indígena; Feminismo, segurança e soberania alimentar na construção da agroecologia: o protagonismo das mulheres do campo, da floresta e das águas”; “Corpo e Natureza com mulheres indígenas – Ervas”; “Erva-mate e o povo Guarani”; “Movimento das Mulheres Guaranis”
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]]>Foto: Juliana Barbosa / MST-PR
Por Dayse Porto
As sementes crioulas são cultivadas e protegidas por guardiães em todos os cantos do Brasil e tornaram-se símbolos de resistência contra os desafios enfrentados por comunidades que buscam não apenas garantir o direito à terra, mas também estabelecer um modo de vida autônomo e sustentável. Elas ecoam a resistência contra a imposição de modelos agrícolas que ameaçam a soberania alimentar.
Em meio às barracas de sementes crioulas da feira da 20ª Jornada de Agroecologia encontramos duas personagens cujas vidas se entrelaçaram com essas pequenas maravilhas desde os primeiros dias de sua jornada no Movimento dos(as) Trabalhadores(as) Sem Terra (MST).
Maria Aparecida da Silva Kerber, conhecida como dona Maria, e Sirlene Morais, a Lene, são guardiãs das sementes crioulas, tesouros que trazem consigo não apenas a promessa de autonomia em relação ao sistema capitalista de produção de alimentos, mas também a essência de uma resistência que se entrelaça com a história do MST e da Jornadas de Agroecologia.
Dona Maria, tem 59 anos, é moradora do assentamento Contestado, localizado na Lapa (PR). Ela nos contou que sua jornada com as sementes crioulas, uma tradição que começou quando ela adentrou as fileiras do MST. “Mesmo sendo agricultora desde criança, conhecia muito pouco das sementes crioulas. A visão ampla veio quando entrei no MST”, revela.
Dona Maria, tem 59 anos, é moradora do assentamento Contestado, da Lapa (PR). Foto: Dayse Porto
“As sementes crioulas são mais do que grãos. São a voz dos que resistem, uma conexão profunda com a terra e nossa identidade. Cuidar delas é preservar nossa história.”, ressalta Maria. Para ela, a resistência popular e a proteção das sementes crioulas são inseparáveis, uma conexão que fortalece não apenas as plantações, mas também os alicerces do projeto político do MST.
Sirlene, moradora do assentamento Guanabara, localizado em Imbaú (PR), conta que sua trajetória entrelaçada com as sementes crioulas desde a infância. Mas sua consciência sobre a importância dessas sementes se ampliou após a primeira Jornada de Agroecologia, realizada em Ponta Grossa. “Quando houve o debate sobre transgenia, percebemos que a semente não era apenas uma necessidade, mas uma forma de resistir ao modelo que ameaçava nossa independência e nossa saúde”, ela explica.
Para Sirlene, a semente é vida, e cultivá-la é cuidar do futuro. “A semente é uma forma de resistir porque queremos viver. Cuidar dela é resistir ao sistema capitalista que busca nos tornar dependentes. Nós queremos um projeto político de vida, não de morte”, enfatiza.
Sirlene Morais, moradora do assentamento Guanabara. Foto: Dayse Porto
A luta pela reforma agrária popular vai além da conquista por terra. Sirlene destaca a independência que as sementes proporcionam, não apenas financeiramente, mas também ideologicamente, combatendo o agronegócio e promovendo um projeto político de vida. “A semente crioula é um ato político. Ao cultivá-la, estamos dizendo não ao controle externo, à dependência. Estamos afirmando nossa autonomia e a construção de um projeto político que valoriza a vida”, ressalta.
As vozes de dona Maria e Sirlene ecoam uma mensagem clara: o cultivo das sementes crioulas vai além da agricultura, é a construção de um tecido social resistente, que tem um compromisso contínuo com a luta por um futuro mais sustentável e equitativo.
Elas fazem parte da ReSA, a Rede de Sementes da Agroecologia, criada em 2015 como espaço de articulação e organização das iniciativas relacionadas às sementes no Paraná. A Rede, que também integra a organização da Jornada de Agroecologia, tem como objetivo dar visibilidade e fortalecimento político ao enfrentamento das diversas ameaças enfrentadas para a preservação das sementes.
Se o campo não planta, a cidade não janta
A diferença entre a conquista da terra e a luta por reforma agrária é significativa para a agricultora. A terra é o primeiro passo, mas a reforma agrária popular vai além, conectando campo e cidade em um projeto político que busca uma sociedade mais justa e igualitária.
Para Sirlene, produzir alimento saudável pensando não apenas em nós, mas na cidade também é necessário. “Nós não queremos apenas viver da terra, mas para a terra. É um compromisso com a vida, produzir alimento saudável para todos, conectando o campo e a cidade em um projeto que transcende nossas fronteiras.”, enfatiza Sirlene.
Na visão de Dona Maria, conscientizar a população urbana sobre a proteção das sementes crioulas é um desafio que Maria encara com otimismo. Ela destaca a importância de eventos como a Jornada de Agroecologia, onde pessoas de diversas áreas têm a oportunidade de conhecer a diversidade das sementes crioulas. “Pessoas sem ligação com movimentos sociais, com formações como médicos e advogados, se surpreenderam e se encantaram ao conhecer nossa banca”, ressalta.
Feiras de troca e variedade de sementes
A troca de sementes crioulas é uma prática constante para dona Maria e sua família, responsável pelo Sítio Joaninhas, local em que cultivam sementes e produzem alimentos livres de transgênicos e agrotóxicos. “Em cada jornada e feira, trocamos, doamos e plantamos o que coletamos. Começamos com poucas sementes, valorizando cada uma delas porque sabemos que a nossa saúde depende daquilo que a gente come”, explica.
Ela destaca a importância de valorizar as sementes crioulas para fortalecer o sistema, aproveitando a diversidade e a capacidade de produção em pequenos espaços. “Ao multiplicarmos as sementes crioulas, multiplicamos a resistência e ao valorizar as sementes crioulas, fortalecemos o sistema agroecológico. Nós sabemos que é possível produzir muito em um espaço pequeno, com diversidade”, destaca Dona Maria.
Foto: André Gouveia
A diversidade das sementes crioulas é uma riqueza que Dona Maria aprendeu a manejar ao longo dos anos, mas ainda se surpreende com a capacidade de adaptação de algumas variedades ao clima local. “Temos sementes que se adaptaram ao nosso clima, algumas demoram mais, mas com observação e cuidado, aprendemos a entender suas necessidades e cultivar em quase todos os lugares”, explica.
Saúde popular e as sementes nas comunidades
A conexão entre sementes crioulas e saúde não é apenas teórica para dona Maria. Ela testemunha melhorias tangíveis na saúde da comunidade, alimentada por uma dieta proveniente dessas sementes. Cultivar e proteger as sementes crioulas está diretamente ligado à saúde nas comunidades, proporcionando uma alimentação de qualidade que se reflete em menos dependência de medicamentos e mais autonomia na busca pela cura para diversas condições.
“Nossa saúde vem da terra. As sementes crioulas não são apenas alimento, são medicina. Quando cuidamos delas, estamos cuidando da nossa saúde e resistindo contra um sistema que nos enfraquece.”, afirma Maria, com um sorriso de quem vê o poder transformador nas pequenas sementes que guarda. Ela enfatiza a importância da alimentação para a saúde e como as sementes crioulas desempenham um papel crucial nesse equilíbrio.
Partilha de sementes
Ao longo da Jornada, 5 mil kit de sementes da Rede de Sementes Agroecológicas BioNatur foram doados aos participantes, como forma de multiplicar a variedade de sementes pelo estado. A Rede é uma cooperativa de agricultores e agricultoras assentados pela Reforma Agrária, produtores de sementes de diversas espécies de hortaliças, plantas ornamentais, forrageiras e grãos, em sistemas de produção de base agroecológica. Atualmente, a Bionatur envolve mais de 350 famílias, nos estados do Rio Grande do Sul e Minas Gerais.
Distribuição das sementes Bionatur. Foto: Leticia Faria
A Jornada de Agroecologia é realizada desde 2002, de forma conjunta por cerca de 60 organizações, movimentos sociais e populares, coletivos e instituições de ensino. O objetivo central é fomentar a agroecologia e mostrar ao grande público urbano os frutos e a viabilidade deste modo de produção de alimentos, baseado no equilíbrio ambiental e na qualidade de vida para quem produz e quem consome.
Neste ano, a edição contou com A atividade tem patrocínio Itaipu Binacional, Conselho Nacional Sesi, Fundação Banco do Brasil e Governo Federal, com apoio da Agroecology Fund, Secretaria de Agroecologia e Abastecimento, Incra, Conab, Ministério Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar e Governo Federal.
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]]>O post “Plantar araucária é mais do que semear árvore, é compromisso com a preservação” apareceu primeiro em Jornada de Agroecologia.
]]>Fotos: Murilo Pilatti
Por Jefferson Lopes
A 20ª Jornada de Agroecologia recebeu uma oficina de enxerto de araucária, com o professor da Universidade Federal do Paraná Flávio Zanette, referência sobre o tema. Foi uma experiência enriquecedora, onde os participantes puderam aprofundar seus conhecimentos sobre técnicas de propagação vegetativa.
Durante o evento, foram abordados aspectos teóricos e práticos, desde a seleção adequada do porta-enxerto até a execução precisa do enxerto, sob a orientação do professor e especialista Zanette, podendo ser considerado um mestre no assunto, com mais de 38 anos de pesquisa, tendo experiência na área de Recursos Florestais com ênfase em Araucaria angustifolia, atuando principalmente nos seguintes temas: morfogênese, poda de plantas, dormência, enxertia e estaquia e produção de pinhões.
Plantar araucárias transcende o simples ato de cultivo: é uma celebração simbólica enraizada na conexão entre a natureza e o ser humano. Essas majestosas árvores, que testemunham o passar de eras, carregam consigo um simbolismo profundo. Ao plantar uma araucária, estamos construindo laços com a história da terra e afirmando nosso compromisso com a preservação ambiental.
“Enxertar uma araucária é rápido e fácil. Eu quero mostrar para vocês o que isso representa e o quão grande é este ato – plantar uma araucária é mais do que semear uma árvore; é um compromisso com a preservação, um gesto que transcende o momento presente, contribuindo para a herança duradoura de nossas florestas”, conta Zanette, reforçando todo o simbolismo que representa o plantio de araucárias.
Fotos: Murilo Pilatti
O desmatamento no Brasil é uma questão ambiental de repercussões globais. Em 2021, houve um aumento significativo, atingindo níveis alarmantes. Segundo dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), o desmatamento na Amazônia brasileira aumentou cerca de 22% em comparação com o ano anterior. Esse cenário destaca a urgência de abordar e controlar as atividades que contribuem para a degradação ambiental. o país enfrenta desafios significativos na preservação de suas vastas áreas florestais, como a Amazônia e o Cerrado. “A realidade é que nossas florestas estão pedindo socorro”, alerta.
Dentro desses desafios, o plantio de araucárias surge com um papel crucial com o projeto de reflorestamento, e na promoção da reforma agrária e agroecologia. Essas árvores nativas oferecem benefícios ambientais significativos, contribuindo para a diversidade biológica e a sustentabilidade dos ecossistemas. Além disso, as araucárias são adaptáveis a diferentes tipos de solo, o que as torna ideais para práticas agroecológicas, permitindo a integração harmoniosa entre agricultura e meio ambiente.
Ao incorporar araucárias em projetos de reforma agrária, é possível criar sistemas agroflorestais que promovem a conservação do solo, melhoram a qualidade da água e proporcionam sombra, beneficiando tanto o ambiente quanto as comunidades locais. Essas práticas sustentáveis não apenas favorecem a preservação da biodiversidade, mas também contribuem para a resiliência das áreas rurais diante das mudanças climáticas.
Para além de sua imponência nas paisagens, as araucárias revelam-se como uma valiosa fonte de alimentação e renda. Suas sementes, conhecidas como pinhões, representam um alimento nutritivo, enriquecendo dietas e conferindo sabores únicos. “O importante para o passado, presente e futuro, é produzir alimentos”, enfatiza Zanette.
Fotos: Murilo Pilatti
Além disso, a comercialização de produtos derivados da araucária, como óleos e artesanatos, oferece oportunidades de renda sustentável para as famílias. Integrar práticas de manejo responsáveis e promover iniciativas educativas são chave para potencializar o papel da araucária como uma fonte versátil que une benefícios alimentares e econômicos às comunidades locais.
A preservação das araucárias está ligada à preservação da cultura local, promovendo uma relação mais equilibrada entre seres humanos e natureza. Dessa forma, o plantio de araucárias se revela como uma estratégia valiosa para impulsionar a reforma agrária, ao mesmo tempo em que fortalece os princípios da agroecologia, consolidando um modelo agrícola mais sustentável e harmonioso.
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]]>Sessão “A Flor da Pele”, EP. Marmitas da Terra” na 20ª Jornada de Agroecologia. | Foto: Jade Azevedo
Por Jade Azevedo
O audiovisual também trouxe o debate da agroecologia somado a iniciativas coletivas e comunitárias de combate à fome que uniram o trabalho do campo e da cidade, durante a 20ª Jornada de Agroecologia, em Curitiba. “A Flor da Pele”, série da TVT (TV dos Trabalhadores), apresenta 12 experiências entre “71 projetos transformadores de histórias coletivas e de impacto social pelo Brasil”.
Aqui no Sul do Brasil, o projeto “Marmitas da Terra”, uma ação do MST no Paraná que produz alimentos para o preparo de refeições entregues à população de rua e ocupações urbanas, durante a pandemia, foi retratado no episódio 3. No sábado, 25, no Auditório Eny Caldeira, do Campus Rebouças da UFPR, foi exibido com a presença do diretor da série, Max Alvim.
No público estavam presentes diversas pessoas que participam da iniciativa Marmitas da Terra, a coordenadora do projeto Adriana Oliveira, integrante do MST, camponeses, camponesas de toda a região sul, estudantes da Via Campesina, Roberto Baggio, direção estadual do MST, Ana Chã e Carla Loop, integrantes da Cultura Nacional do movimento, o Instituto de Democracia Popular (IDP) e o procurador do Ministério Público, Olympio de Sá Souto Maior Neto.
Segundo Max Alvim, o documentário tem o propósito de levar a experiência que ele encontrou para outros territórios. “O audiovisual tem um papel bastante interessante para os coletivos que é apresentar o sentido da iniciativa, que muitas vezes para quem milita dentro do espaço não tem a amplitude do que está fazendo, do esforço político, do novo país que ele está inventando”, afirma.
Final da sessão do “A Flor da Pele” | Foto: Guilherme Araki
Adriana se emocionou assistindo o documentário, assim como muitos integrantes do projeto que estavam na sala e se viram na tela. Ela comenta que neste episódio o diretor conseguiu apresentar a alma do coletivo. “Nossa intenção era de que as marmitas tinham que levar a imagem da diversidade, mostrar para o poder público e a sociedade de que é possível ter um outro projeto, porque a gente tem um projeto. A marmita tinha que ser colorida como a produção diversificada do MST, sem exploração do trabalho e o outro aspecto era desmistificar a agricultura, todos nós que temos a capacidade do cuidado, podemos ser agricultores, e agricultores na cozinha, no plantar, cuidar de uma muda até compartilhar com a comunidade”, ressalta.
“De quanta terra precisa um homem” contra encontro de um ex-banqueiro com o MST
De quanta terra precisa um homem? Essa é a pergunta que guia o economista Eduardo Moreira, no filme de mesmo título produzido pelo Instituto de Conhecimento Liberta (ICL) que foi inspirado no livro, de mesmo nome, do escritor russo Liev Tolstói, um dos grandes nomes da literatura que traz o tema da ambição e do orgulho do homem.
O filme foi exibido na abertura da jornada, na quarta-feira, 22, no Auditório Eny Caldeira. Com sala cheia de trabalhadores rurais do MST, estudantes da UFPR e público em geral, José Damasceno, dirigente nacional do MST, abriu a sessão contando como o economista, ex-banqueiro e realizador do filme veio parar nos espaços do MST do Paraná. O filme será exibido em festivais, e em breve estará disponível na internet. >> Confira o trailer
José Damasceno apresenta a sessão do filme “De quanta terra precisa o homem?” | Foto: Joka Madruga
Damasceno contou que Eduardo Moreira veio algumas vezes aos espaços do MST no Paraná. “Numa visita ele participou da inauguração da agroindústria de beneficiamento da mandioca na Comunidade Resistência Camponesa, em Cascavel”, conta. Ele acrescentou que o economista visitou o Assentamento Dorcelina Folador, onde Damasceno é assentado, pelo Acampamento Herdeiros de Porecatu e Comunidade Maila Sabrina.
O documentário aborda o encontro improvável de um ex-banqueiro com o MST. Eduardo Moreira, fundador do Finapop, movimento de financiamento popular que tem o objetivo de aproximar o investidor de projetos que precisam de captação, principalmente pequenos agricultores. No filme “De quanta terra precisa um homem?”, apresenta alguns espaços do MST, a história dos trabalhadores e trabalhadoras rurais, assim como depoimentos exclusivos de Lula, Ciro Gomes, Wagner Moura e Danny Glover.
O encontro improvável de um ex-banqueiro com o MST.| Foto Joka Madruga
“Antes do Prato” traz exemplos de iniciativas de agroecologia
“Antes do Prato”, filme do Greenpeace, traz exemplos de iniciativas de agroecologia, em diferentes regiões do país, que produzem alimentos orgânicos e são fundamentais no combate à fome e à insegurança alimentar. A exibição aconteceu na mesma quarta-feira, 22, no auditório do Instituto Federal do Paraná (IFPR). O filme será exibido em festivais, e em breve estará disponível na internet. >> Confira o trailer
“Antes do Prato”, filme do Greenpeace. | Foto: Luan Costa
O documentário traz entrevistas de pequenos agricultores de iniciativas no sudeste e no nordeste brasileiro, da cozinheira e empresária Paola Carosella que defendem que o modelo solidário, efetivo contra a fome é a agroecologia. No filme a agroecologia ganha vida por meio das mulheres e homens que, usando conhecimentos e tecnologias ancestrais, produzem alimentos para milhões de pessoas. “A agroecologia traz a identidade, a cultura e a diversidade do local. É uma forma de nos relacionarmos com a natureza e com as pessoas”, afirma, no filme, Neneide Lima, da Rede Xique Xique e Conselheira da Cooperxique, do Rio Grande do Norte.
Com exemplos como os de Neneide, o documentário mostra que a economia solidária é uma alternativa real e efetiva à indústria de ultraprocessados que não alimentam e adoecem as populações.
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