Taiobas traz música de acolhimento e resistência para Jornada

Grupo de Matinhos faz sua primeira apresentação na Jornada de Agroecologia e traz solidariedade como bandeira

Texto e fotos: Luiza Damigo

A tarde do primeiro dia da 18ª Jornada de Agroecologia foi embalada por muito groove, batuque e rap. A banda Taiobas subiu a serra e veio do município de Matinhos, litoral do Paraná, para se apresentar na Praça Santos Andrade, logo após a abertura da Feira da Agrobiodiversidade Camponesa e Popular.

Formada por estudantes da Universidade Federal do Paraná – Setor Litoral e especialmente do curso de Tecnologia em Agroecologia, a banda surgiu no final de 2015 e traz um forte repertório autoral com músicas que falam de resistência, feminismo e luta por justiça social. O que uniu a banda, hoje com oito integrantes de diferentes lugares e espaços, foi a identificação com a música e seu papel de transformação na sociedade.

Ritmos populares e orgânicos, adubados pelas letras da vocalista e rapper Thammy TK12, são traduzidos em poesia que faz referência a cultura dos povos, aos saberes ancestrais e suas relações de solidariedade. “A música é o caminho que nós encontramos para falar sobre nossos direitos e lutas, o que cantamos é o que vivemos. Taiobas é um espaço com seres que se acolhem, em um processo de ensinar e aprender como sobreviver”, afirma.

Inspiradas na força da Taioba, planta alimentícia não convencional (PANC) altamente nutritiva e potencialmente tóxica caso não se saiba fazer o preparo correto, as integrantes da banda reforçam que a cultura é um pilar fundamental na construção da agroecologia nos territórios. É a sua própria representação. Bruna Janaína, percussionista que traz referências do Maracatu, entende “a cultura é a expressão dos povos, como conseguimos manter viva a nossa história, relembrando o passado para construir o futuro. A arte e a cultura entram como caminhos de expressão das vivências, desde como plantamos até a organização da sociedade”.

A representação na música vem do lugar da celebração e um grito de resistência, com letras embativas e um som pesado, é uma “forma carinhosa de se fazer a luta”. O que move é trazer a realidade vivenciada e, dentro dela, o combate às diversas formas de violência e opressão, seja com a terra, seja com as pessoas. Para a Thammy, “a partir do momento que compreendemos nossa relação com a terra vamos desencadeando várias camadas de percepção e conseguindo fazer a conexão entre nossas ações e suas consequências para nossa vida ”.

Pela primeira vez se apresentando na Jornada de Agroecologia, a data foi especial pois marca o Dia da Visibilidade Lésbica (29/08), uma pauta presente em muitas músicas da banda. “A Jornada de Agroecologia é incrível pois une pessoas de diferentes regiões em um mesmo espaço numa perspectiva de troca de saberes. Mas principalmente para sabermos que não estamos sozinhas e que existem muitas pessoas que acreditam pelo movimento que está sendo feito”, conclui.

É a partir dos encontros que transformamos a realidade e eles são fundamentais na conjuntura política que vivemos. Para Tainá Reis, presença forte do pandeiro e do tambor, este foi “dos shows mais significativos que fizemos até hoje. Olhar e sentir tudo que a banda move é extremamente valioso para nós, pois mostra que estamos no caminho certo”.

O grupo se apresentou junto às dezenas de atrações artísticas e culturais gratuitas, que mobilizam cerca de 140 artistas em uma diversa programação. O litoral estará presente mais uma vez com o Grupo de Fandango Caiçara Mandicuera, da Ilha dos Valadares em Paranaguá. A apresentação será domingo, 1, com o encerramento do palco na Praça Santos Andrade em um tradicional baile de fandango.

Veja a programação completa da 18ª Jornada de Agroecologia, que segue até dia 1/09, com atividades em diferentes locais em Curitiba – http://bit.ly/2LkBKGD 

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