Por Ceres Hadich, integrante da direção nacional do MST e da coordenação da Jornada de Agroecologia
Entre versos e reversos… Difícil imaginar como chegamos a esse ponto. Fundo do poço? Ao que parece, para alguns, ainda não. 33 milhões de brasileiros passam fome no Brasil (Rede PENSSAN). Cortes estruturais nos programas sociais, desmonte das políticas públicas de reforma agrária e agricultura familiar. Retiradas de direitos, inflação, violências…
Desde o início do governo Bolsonaro, quase 1.750 novos agrotóxicos foram liberados. Destes, 30% são proibidos na União Europeia (DOU/EU Pesticide Database/Campanha Contra os Agrotóxicos).
Agro é tóxico, queima, sequestra, desmata e mata
Quem é o agro? apresente-se. desmascare-se… “Agro é tech, agro é pop, agro é tudo?” Agro é tóxico, queima, sequestra, desmata e mata. O agronegócio é a grande mentira do Brasil.
De que governo, de que Brasil e de que futuro estamos falando? Que país é esse? Não é possível, passados mais de cinco séculos, seguirmos assumindo o papel dos colonizados, escravizados, que reproduzem a lógica da exportação e da servidão aos interesses das grandes potências e poderosos. Será que um dia ousaremos sonhar com um povo livre, soberano, que se identifique em suas raízes, crenças e rostos?
Pensar, e mais que isso, construir a AGROECOLOGIA é isso. É cultura, movimento e transformação. Agroecologia é fazer possível a arte de humanizar. É trazer a harmonia das relações da natureza às relações de produção e econômicas, por meio das ações sociais e cooperadas. É experimentar o novo, a esperança, a coerência e a aposta de que comer é direito, é um ato político, e, mais que isso, é um ato de resistência e de fraternidade.
Agroecologia é ter comida de verdade na mesa de todos e todas. Por isso, deve ser cultivada e defendida por todos e para todos e todas. Aliás, você tem fome de quê?