“Plantar araucária é mais do que semear árvore, é compromisso com a preservação” 

Afirmação é do professor da UFPR Flávio Zanette, referência em pesquisa sobre enxerto de araucária, que ministrou uma oficina durante a 20º Jornada de Agroecologia. 

Fotos: Murilo Pilatti

Por Jefferson Lopes

A 20ª Jornada de Agroecologia recebeu uma oficina de enxerto de araucária, com o professor da Universidade Federal do Paraná Flávio Zanette, referência sobre o tema. Foi uma experiência enriquecedora, onde os participantes puderam aprofundar seus conhecimentos sobre técnicas de propagação vegetativa. 

Durante o evento, foram abordados aspectos teóricos e práticos, desde a seleção adequada do porta-enxerto até a execução precisa do enxerto, sob a orientação do professor e especialista Zanette, podendo ser considerado um mestre no assunto, com mais de 38 anos de pesquisa, tendo experiência na área de Recursos Florestais com ênfase em Araucaria angustifolia, atuando principalmente nos seguintes temas: morfogênese, poda de plantas, dormência, enxertia e estaquia e produção de pinhões.

Plantar araucárias transcende o simples ato de cultivo: é uma celebração simbólica enraizada na conexão entre a natureza e o ser humano. Essas majestosas árvores, que testemunham o passar de eras, carregam consigo um simbolismo profundo. Ao plantar uma araucária, estamos construindo laços com a história da terra e afirmando nosso compromisso com a preservação ambiental. 

“Enxertar uma araucária é rápido e fácil. Eu quero mostrar para vocês o que isso representa e o quão grande é este ato – plantar uma araucária é mais do que semear uma árvore; é um compromisso com a preservação, um gesto que transcende o momento presente, contribuindo para a herança duradoura de nossas florestas”, conta Zanette, reforçando todo o simbolismo que representa o plantio de araucárias.

Fotos: Murilo Pilatti

O desmatamento no Brasil é uma questão ambiental de repercussões globais. Em 2021, houve um aumento significativo, atingindo níveis alarmantes. Segundo dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), o desmatamento na Amazônia brasileira aumentou cerca de 22% em comparação com o ano anterior. Esse cenário destaca a urgência de abordar e controlar as atividades que contribuem para a degradação ambiental. o país enfrenta desafios significativos na preservação de suas vastas áreas florestais, como a Amazônia e o Cerrado. “A realidade é que nossas florestas estão pedindo socorro”, alerta.

Dentro desses desafios, o plantio de araucárias surge com um papel crucial com o projeto de reflorestamento, e na promoção da reforma agrária e agroecologia. Essas árvores nativas oferecem benefícios ambientais significativos, contribuindo para a diversidade biológica e a sustentabilidade dos ecossistemas. Além disso, as araucárias são adaptáveis a diferentes tipos de solo, o que as torna ideais para práticas agroecológicas, permitindo a integração harmoniosa entre agricultura e meio ambiente.

Ao incorporar araucárias em projetos de reforma agrária, é possível criar sistemas agroflorestais que promovem a conservação do solo, melhoram a qualidade da água e proporcionam sombra, beneficiando tanto o ambiente quanto as comunidades locais. Essas práticas sustentáveis não apenas favorecem a preservação da biodiversidade, mas também contribuem para a resiliência das áreas rurais diante das mudanças climáticas.

Para além de sua imponência nas paisagens, as araucárias revelam-se como uma valiosa fonte de alimentação e renda. Suas sementes, conhecidas como pinhões, representam um alimento nutritivo, enriquecendo dietas e conferindo sabores únicos. “O importante para o passado, presente e futuro, é produzir alimentos”, enfatiza Zanette.

Fotos: Murilo Pilatti

Além disso, a comercialização de produtos derivados da araucária, como óleos e artesanatos, oferece oportunidades de renda sustentável para as famílias. Integrar práticas de manejo responsáveis e promover iniciativas educativas são chave para potencializar o papel da araucária como uma fonte versátil que une benefícios alimentares e econômicos às comunidades locais.

A preservação das araucárias está ligada à preservação da cultura local, promovendo uma relação mais equilibrada entre seres humanos e natureza. Dessa forma, o plantio de araucárias se revela como uma estratégia valiosa para impulsionar a reforma agrária, ao mesmo tempo em que fortalece os princípios da agroecologia, consolidando um modelo agrícola mais sustentável e harmonioso.

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