Agroecologia

Seminários discutem soberania alimentar e ameaça representada pelos agrotóxicos e transgênicos

Os 10 anos de transgênicos no Brasil o direito dos agricultores e agricultoras serão temas de seminários na 12ª edição da Jornada de Agroecologia do Paraná, de 7 a 10 de agosto, em Maringá/PR. Os seminários serão realizados nos dias 8 e 9, no período da tarde. As mesas foram organizadas pela Terra de Direitos, Grupo de Trabalho Biodiversidade da Associação Nacional de Agroecologia (ANA), Grupo de Estudos em Agrobiodiversidade do Ministério do Desenvolvimento Agrário e Movimento dos Pequenos Agricultores – MPA. Confira a programação e os objetivos dos seminários: >> Mesa 1: Bio(in)segurança e os 10 anos de transgênicos no Brasil: promessas não cumpridas Quando? 08/08/13, quinta-feira, das 13h30 às 17h Onde? Escola Milton Santos – plenária (acima do refeitório) Facilitadores: Marcelo Silva (SEAB / ADAPAR), Leonardo Melgarejo (CTNBio / GEA) e Darci Frigo (Coordenador Executivo da Terra de Direitos) O objetivo da mesa será demonstrar como o avanço dos transgênicos e a contaminação genética comprometem a agrobiodiversidade, a agricultura familiar camponesa e o futuro da agricultura como um todo. O debate será em torno do papel do estado, das grandes empresas na agricultura e a influência delas sobre as políticas públicas, quais as estratégias do mercado de sementes e a forma como vem acontecendo o processo de liberação de transgênicos no Brasil. >> Mesa 2: Direito dos Agricultores e agricultoras ao livre uso da biodiversidade: a questão das sementes Quando? 09/08/13, sexta-feira, das 13h30 às 17h Onde? UEM – Auditório Ney Marques Facilitadores: Ana Carolina Brolo de Almeida (CAOP – Ministério Público Paraná), Luciano Ribeiro (CAA Norte de Minas) e Anderson Munarini (MPA) O objetivo é empoderar os agricultores, técnicos e pesquisadores a partir das legislações e dos instrumentos jurídicos nacionais e internacionais sobre a questão das sementes. Busca-se identificar as experiências que contribuem para pensar estratégias de […]

Transgênicos matam mais cedo e causam três vezes mais câncer em ratos

Os ratos alimentados com alimentos transgênicos morrem antes e sofrem de câncer com mais frequência que os demais, destaca um estudo publicado nesta quarta-feira (19) pela revista Food and Chemical Toxicology, que considera os resultados “alarmantes”. “Os resultados são alarmantes. Observamos, por exemplo, uma mortalidade duas ou três vezes maior entre as fêmeas tratadas com organismos geneticamente modificados [OGM]. Há entre duas e três vezes mais tumores nos ratos tratados dos dois sexos”, explicou Gilles-Eric Seralini, professor da Universidade de Caen, que coordenou o estudo. Para fazer a pesquisa, 200 ratos foram alimentados durante um prazo máximo de dois anos de três maneiras distintas: apenas com milho OGM NK603, com milho OGM NK603 tratado com Roundup (o herbicida mais usado no mundo) e com milho não alterado geneticamente, mas tratado com Roundup – o milho transgênico (NK603) e o herbicida são produtos do grupo americano Monsanto. Durante o estudo, o milho integrava uma dieta equilibrada, em proporções equivalentes ao regime alimentar nos Estados Unidos. “Os resultados revelam uma mortalidade muito mais rápida e importante durante o consumo dos dois produtos”, afirmou Seralini, cientista que integra ou integrou comissões oficiais sobre os alimentos transgênicos em 30 países. “O primeiro rato macho alimentado com OGM morreu um ano antes do rato indicador (que não se alimenta com OGM). A primeira fêmea oito meses antes. No 17º mês são observados cinco vezes mais machos mortos alimentados com 11% de milho (OGM)”, explica o cientista. Os tumores aparecem nos machos até 600 dias antes que nos ratos indicador (na pele e nos rins). No caso das fêmeas (tumores nas glândulas mamárias) aparecem uma média de 94 dias antes naquelas alimentadas com transgênicos. “Pela primeira vez no mundo, um transgênico e um pesticida foram estudados por seu impacto na saúde a mais longo prazo do […]

Urgência de modelos alternativos

Segundo o Instituto Internacional de Investigação sobre Políticas Alimentares,em pesquisa realizada em 2010, mais de um bilhão de pessoas passam fome em todo o mundo. A informação escancara a crise alimentar do agronegócio: sobram alimentos, mas a lógica do capital impede o acesso a itens básicos de alimentação. Como alternativa ao cenário, surge o debate teórico e a aplicação prática da soberania alimentar, por meio da agroecologia. O agronegócio é um modelo excludente, que prioriza o latifúndio, a monocultura, a produção em larga escala, usa agrotóxicos, destrói o meio ambiente e gera violência e pobreza no campo. Segundo o professor do Departamento de Economia da Universidade Federal do Paraná, Victor Pelaez, difundiu-se o discurso de que o agronegócio é mais rentável economicamente para o país, mas a agroecologia pode ser uma alternativa à lógica do capital, inclusive com benefícios financeiros. “Mas nenhuma transformação ocorre da noite para o dia. É um processo longo de investimento e demanda políticas públicas”, avalia. O professor explica que os movimentos sociais não são atendidos na perspectiva do agronegócio. Por isso, segundo ele, a luta contra o agronegócio deve ser bandeira prioritária dos movimentos sociais. A lógica do capital é de acumulação e concentração; o agronegócio emprega tecnologia de alto custo, inacessível aos pequenos produtores. “É preciso buscar e construir modelos como a agroecologia, que sejam compatíveis com a produção em menor escala e com a agricultura familiar”, enfatiza. Aplicação prática Experiências práticas da agroecologia são uma forma de ir além do discurso teórico, com ações reais para aumentar a produção de orgânicos e resistir contra o agronegócio. No pré-assentamento Emiliano Zapata, localizado no município de Ponta Grossa, toda a produção é orgânica. “Desde o começo da ocupação, já concordamos que a área seria 100% agroecológica”, conta o morador Célio Rodrigues. “Somos 48 famílias e ninguém utiliza adubo químico ou agrotóxicos”, afirma. O Emiliano Zapata também tem uma horta coletiva de 1,5 hectares, cuja […]

Uma caminhada permanente

Com dez anos de caminhada, a Jornada de Agroecologia combina o anúncio de uma outra forma de produção junto à denúncia da política mundial das transnacionais do agronegócio, e seus impactos na vida dos pequenos produtores Antonio Carlos Senkovski, de Curitiba (PR), especial para o Brasil de Fato A Jornada de Agroecologia, iniciada em 2002, chega ao seu décimo encontro e representa um movimento de construção. Seu significado é o de uma verdadeira confraternização de experiências de uso e cultivo de sementes, momentos de reflexão e qualificação da luta política. Darci Frigo, coordenador da organização de Direitos Humanos Terra de Direitos, uma das entidades articuladoras da Jornada, descreve o seu surgimento e a situa hoje como um “sujeito coletivo” transformador do modelo de agricultura. Brasil de Fato. O surgimento da Jornada responde a qual demanda da sociedade? Darci Frigo. No horizonte buscou-se colocar como pauta política duas questões que são face da mesma moeda. De um lado era preciso mudar o modelo de agricultura concentrador de terra, renda e ambientalmente predatório. Do outro, construir um novo projeto para o campo baseado na agroecologia, com uma terra livre de transgênicos, de agrotóxicos e dos latifúndios. Desde o primeiro encontro da Jornada buscávamos construir alternativas viáveis de fortalecimento da agricultura familiar camponesa para disponibilizar, garantir alimentação saudável aos próprios agricultores e a toda a sociedade. Uma agricultura feita de agricultores/as, não dominada por empresas transnacionais e o agronegócio com suas monoculturas. Colocamos no horizonte a Reforma Agrária para acabar com o latifúndio monocultor. Buscar um arco de alianças entre os diversos sujeitos que atuam no campo – organizações e movimentos sociais – e com pesquisadores e estudantes, instituições públicas municipais, estaduais e federais, e organizações ambientalistas e de consumidores. E, nesses dez anos, quais foram as principais mudanças nos debates do encontro? […]

Tempos de resistência e construção

João Pedro Stédile analisa que a esquerda e os movimentos sociais estão em um período de resistência. Para o coordenador do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), os tempos de recuo das lutas sociais, depois da derrota do projeto da esquerda, em 1989, começam a ficar para trás. Mas ele ressalta que as organizações não retomaram a ofensiva e ainda não conseguem impor à burguesia seu próprio projeto: “Paramos de descer, mas ainda não começamos a ofensiva contra o Capital”, expôs no terceiro dia da nona Jornada de Agroecologia, realizada em Francisco Beltrão, sudoeste do Paraná. O atual período, no Brasil e na América Latina, é caracterizado pelo dirigente sem-terra como de derrotas e crise do projeto neoliberal da burguesia. Iniciado na Venezuela, este processo estimulou lutas no continente. Atualmente, a burguesia carece de um projeto que dê conta de solucionar as carências das populações trabalhadoras. Noutros períodos históricos, foi diferente. Após o final da Segunda Guerra, na curva histórica entre os anos de 1945 e 1973, houve uma garantia de pleno emprego e concessões por parte da classe dominante. “A burguesia não resolveu os problemas fundamentais do povo brasileiro. Estão latentes. Entre 1945 e 1973, a classe aumentou muito o salário. Todos tinham casa e escola. Não é o que acontece hoje no Brasil e no mundo”, narra. Para exemplificar a atual situação, Stédile cita dados da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO). Se, na década de 1960, sessenta milhões passavam fome, hoje este número se elevou para um bilhão de pessoas – o que reforça as condições objetivas para um aumento das reivindicações e revolta. Embora as condições subjetivas e de ânimo da classe trabalhadora para a luta não estejam colocadas no atual momento. Táticas combinadas A burguesia busca controlar o Estado brasileiro, a […]