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“Cenário é de acirramento da luta de classes”, diz dirigente do MST do Paraná

Por Julio Carignano Do Porém.net “Temos que lutar para, no mínimo podermos participar da democracia burguesa, que significa termos direito ao voto”. A afirmação é de Roberto Baggio, da coordenação estadual do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) no Paraná, ao fazer uma análise da conjuntura do cenário eleitoral de 2018 durante a 16ª Jornada de Agroecologia, na Lapa, a primeira após o golpe que derrubou Dilma Rousseff (PT) da Presidência da República. Neste momento de atentado à democracia e de ascensão da extrema direita e pré-candidaturas como a de Jair Bolsonaro, Baggio afirma que é tarefa dos movimentos sociais do campo dialogarem junto ao movimento urbano sobre o projeto do Governo Temer que vai além das reformas que retiram direitos da classe trabalhadora, mas também se apropria dos recursos naturais. “Toda nossa riqueza que era pública está sendo apropriada e privatizada pelos golpistas”, comenta o dirigente do MST. O atual contexto, segundo Baggio, é de enfrentamento e alerta para os movimentos sociais diante dos cortes orçamentários do governo Temer (PMDB) em ministérios e órgãos responsáveis por ações diretas na reforma agrária, agricultura familiar e das comunidades tradicionais (indígenas e quilombolas). Diante disso, ele prega a unidade dos trabalhadores do campo e da cidade. “O inimigo é comum, é o grande capital, o aparelho do Estado golpista. Temos que juntar aqueles que produzem para reconstruir nosso país”, destaca. Sem falar em nomes para corrida eleitoral, o dirigente destaca a busca por uma candidatura que expresse um programa popular e progressista. “Votaremos num programa, num projeto que vai além do simples voto, que represente o conjunto de medidas estruturantes e emergenciais. Que dialogue com a população sobre as soluções para crise. Um projeto popular e soberano, que repense o controle do sistema financeiro, que abra um plebiscito popular para revogar […]

“Cozinha é o coração da Agroecologia”

Por Julio Carignano Do Porém.net Morador do acampamento Nelson Mandela, município de Lindoeste, Imoacir Angheben, 59, é uma figura especial para a militância dos movimentos sociais de luta pela terra no Paraná. Seo Imoacir, como é conhecido, é um dos responsáveis pela alimentação na 16ª Jornada de Agroecologia, no município da Lapa. A cozinha que coordena é uma das mais requisitadas entre os espaços coletivos montados pelas delegações presentes no evento. Em média ele serve 520 refeições diárias, entre café da manhã, almoço e janta. No cardápio o feijão, arroz, carne, macarrão, mandioca, farofa, batata doce, polenta e salada de repolho. Em seu quarto evento consecutivo, Imoacir afirma que a cozinha das jornadas é bem mais que um simples local de alimentação, mas constitui-se em espaço de formação, confraternização e partilha entre a militância. “Esse é o coração da Jornada da Agroecologia, sem isso não tem outras atividades. Esse espaço é formativo. Aqui você lida com crianças, jovens, donas de casa, agricultores, expositores, dirigentes, convidados, imprensa. Toda a cultura da agroecologia é vivida neste momento”. Seu Imoacir teve seu primeiro contato com Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) em 2003 quando ainda era servidor do Estado do Paraná na cidade de Cascavel. “Ironia do destino eu nunca fui um simpatizante do MST, mas também nunca fui um crítico, pois eu não conhecia o movimento. Eu era funcionário da Codapar [Companhia de Desenvolvimento Agropecuário do Paraná] e, em 2003, fui cedido para Seab [Secretaria de Estado da Agricultura] para atuar no setor de vacinação de gados”. Foi neste momento que Imoacir conheceu acampamentos em Cascavel, Santa Tereza do Oeste e Lindoeste, no Oeste do Estado. Já afastado do serviço público devido a quatro cirurgias na coluna, em 2010 Imoacir resolve aceitar o convite de um amigo que morava no acampamento 7 […]

Agroecologia cresce no Paraná, garante renda e alimentos saudáveis

Por Carolina Goetten Do Brasil de Fato O Parque de Exposições da Lapa (PR) recebe, a partir desta quarta-feira (20), a 16ª edição da Jornada de Agroecologia. Serão quatro dias de diversas atividades voltadas ao incentivo à agrobiodiversidade e ao plantio sem veneno. O evento recebe mais de três mil pessoas, entre camponeses, agricultores e apoiadores da reforma agrária. Além das delegações do Paraná, participantes vieram de outros quatro estados brasileiros e de 10 países, em especial da América Latina. Mais de 60 expositores, dos mais diversos tipos de produção, compõe a feira permanente para comercialização de produtos agroecológicos. A ação ocorre no Parque de Exposições e Eventos da Lapa, BR 476 (Rodovia do Xisto) Km 66, e é aberta à população. Do campo para a cidade Essas produções sem agrotóxicos, fruto do modelo de cultivo familiar, podem ser encontradas em todo estado do Paraná. Exemplo disso é a Cooperativa Central de Reforma Agrária, que centraliza 17 cooperativas que plantam e colhem produtos orgânicos, e distribui semanalmente esses alimentos em pontos estratégicos de Curitiba. A lista de compras é divulgada via whatsapp a mais de 350 clientes. No início de outubro, será lançado um site na internet com o objetivo de dinamizar a distribuição (www.produtosdaterrapr.com.br) A entidade reúne a produção de 311 assentamentos em que moram 20 mil famílias beneficiadas por programas de reforma agrária. As encomendas são entregues nos bairros Xaxim, Sítio Cercado, Alto Boqueirão, Vila Isabel e Mercês. “Um caminhão passa pelos assentamentos do estado recolhendo os produtos e os traz a Curitiba para distribuí-los aos consumidores”, explica um dos responsáveis pela Cooperativa Central, Ademir Fernandes, do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). Mas o que é agroecologia? A agricultora Eliane Aparecida Veiga Schons e sua família vieram de Lindoeste para viver no assentamento Contestado, no município […]

Retirada de direitos tenta prejudicar mobilização popular, avalia presidente do CNDH

  Presidente do Conselho Nacional de Direitos Humanos (CNDH), Darci Frigo alerta para o aumento de casos de violência e criminalização contra os movimentos sociais. Apenas em 2017, 65 pessoas que defendem direitos humanos foram assassinadas. Os dados foram trazidos para 500 pessoas durante a Conferência de Abertura da 16ª Jornada de Agroecologia, nesta quarta-feira (20). A atividade realizada na cidade de Lapa (PR), a 70 km de Curitiba, segue até sábado. Frigo lembra que a violência contra militantes e ativistas não é recente – há anos os movimentos sociais têm lutado contra isso -, mas que o cenário se agravou a partir do golpe político que derrubou a presidenta Dilma Rousseff. Segundo ele, a retirada da presidenta do poder foi uma das formas de garantir a aprovação de pautas pouco populares, porque ferem os direitos da população. “A gente consegue ver o desmonte de vários políticas. O estado social está ameaçado de morte com a reforma trabalhista, a terceirização e o congelamento dos gastos públicos”, lamenta. Atingir os direitos sociais seria, na avaliação de Frigo, uma das formas de enfraquecer a mobilização popular. “Esses cortes orçamentários têm viés político e ideológico, para acabar com qualquer possibilidade de alternativa proposta pelos movimentos sociais”. Ameaça econômica e social Uma das grandes ameaça aos direitos sociais, segundo o presidente do CNDH, é Emenda Constitucional 55, que congela os gastos públicos por 20 anos. Ele indica que grandes cortes vão ocorrer em programas de distribuição de renda e de incentivo à produção agroecológica. O Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), que incentiva a agricultura familiar por meio da compra da parte da produção dos agricultores, pode sofrer duros cortes. Se em 2017 foram previstos R$ 318 milhões para o PAA, apenas R$ 750 mil devem ser disponibilizados para o programa em 2018. O […]

Carta da 15ª Jornada de Agroecologia

Nós, mais de 3 mil participantes da 15ª Jornada de Agroecologia, vindos de diferentes regiões do Brasil e de outros 7 países, reunidos na cidade da Lapa, Paraná, Brasil, entre os dias 27 e 30 de julho de 2016, reafirmamos…

O Cultivo de novas relações humanas como fruto da vida nos assentamentos

A 14ª Jornada de Agroecologia do Paraná colocou em evidência não apenas um modelo alternativo de produção, mas o fortalecimento da cultura e da relação entre arte e política no campo Por Camilla Hoshino A grande plenária foi o cartão de visitas da 14ª Jornada de Agroecologia do Paraná. A alguns passos de distância, mais de 40 barraquinhas de produtos orgânicos e agroecológicos atraem a atenção da multidão dispersa durante os intervalos da programação. Atrás da feira, o cheiro de carne temperada e mandioca cozida nos leva até a cozinha comunitária, divida em brigadas com cerca de cinco pessoas cada, para a produção de três refeições diárias para os participantes. Tudo foi pensando e construído com cuidado para garantir o funcionamento de um evento de quatro dias com mais de 4 mil pessoas, vindas de diferentes regiões do estado e do país. Muitas cores e enfeites compuseram o palco principal: panos de chita, cabaças, peneiras artesanais, frutas e sementes crioulas. É neste espaço que aconteceram as mesas temáticas, os atos políticos e as apresentações artísticas. Mais do que isso, ali se misturou arte e política, sem “foices, martelos, punhos cerrados ou sangue escorrendo”, brincou Sylviane Guilherme, dançarina e integrante do Setor de Cultura do MST/PR. Ela explica que os objetos do cotidiano dos agricultores e agricultoras, para além de sua função utilitária no dia a dia, se tornam arte quando ganham uma expressão livre naquele palco. “A ornamentação não é apenas decorativa, ela diz o que é a agroecologia, o trabalho e a vida no campo”, reforça. Protagonismo As características do modo de vida e da cultura nos assentamentos rurais puderam ser encontradas em todos os espaços da Jornada. Seja na marcha de abertura, nas palestras e oficinas, nas cirandas voltadas para as crianças, na cozinha ou nas noites regadas […]

Jornada de agroecologia afirma urgência de um novo projeto de agricultura

Por Iris Pacheco “Você sabia que gente também é semente? E gente sendo semente precisa ser cultivada”. Foi com o tom de cultivar os valores do cuidado, da singeleza e da rebeldia que a 14° Jornada de Agroecologia no Paraná concluiu, neste sábado (25), um ciclo para iniciar outros tantos no coração de homens, mulheres e crianças ali presentes. A jornada, que começou na quarta-feira (22), teve quatro dias de intensos debates, socializações de conhecimentos e cultivo dos saberes. Toda a beleza desses dias se reflete no ato de encerramento com a convocação do povo para assumir o compromisso de construir novas relações entre os homens e a Mãe Terra, de serem guardiães e guardiãs das sementes e da biodiversidade para a humanidade. “Temos que manter a conscientização, a rebeldia, a desobediência e a conspiração para enfrentar o agronegócio. Uma delas é sermos todo dia guardiães das sementes e compartilhá-las. Partilhar é um gesto de cuidado e amor”, declamou José Maria Tardim, ao conduzir um dos momentos místicos que compuseram o ato. Ao som do ganido da gralha azul, imagem símbolo da jornada, que desceu sobre a plenária ecoando nos ouvidos dos cerca de 4 mil camponeses ali presentes o desafio de compartilhar as sementes do saber e cultivá-las, com a conexão ancestral com o conhecimento e a energia dos povos que geraram a agricultura. “E a ti que amas entregarei meu bosque de ideias e coisas sãs” ‘‘Cuidado” foi uma palavra foi bastante utilizada em todo o ato. Porém, não se remetia ao cuidado que compõe a canção do medo, da incerteza. E sim do cuidado que constrói pela singeleza, que cultiva o amor e cativa os lutadores e lutadores com sutileza e esperança. Gesto esse demonstrado na emoção do seu Tobias, ao depor para os milhares de trabalhadores […]

Com presença de Ministro, ato político promove a agroecologia

Por Rafael Soriano  Nesta sexta-feira (24/07), diversas representações de trabalhadores, bancos públicos, parlamentares e o Ministro do Desenvolvimento Agrário, Patrus Ananias, se reuniram em Irati-PR, no ato político da 14ª Jornada de Agroecologia para firmar convênios de compra de alimentos e estímulo à industrialização da agricultura camponesa. Em mensagem lida pelo Ministro durante o evento, Dilma saúda a capacidade de mobilização e a experiência dos trabalhadores em torno da Agroecologia. Cooperativas de trabalhadores das diversas regiões do Paraná firmaram com o Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) e com o Banco do Brasil convênios nos programas Terra Forte e Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), que fazem parte da política do Governo Federal para a agricultura camponesa. Além das formalizações, os participantes defenderam a ampliação qualificada da política de agroecologia. Estiveram presentes no ato político a senadora Gleisi Hoffmann, autoridades locais, deputados federais, representação da Caixa, do Banco do Brasil e BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), representação da Secretaria Geral da Presidência, o vice-presidente do Incra, além do Ministro Patrus e membros da Via Campesina. Na plateia, estavam mais de 4 mil trabalhadores rurais, participantes da Jornada. O coordenador nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), José Damasceno, falou em nome da Via Campesina celebrando os 14 anos de trabalho em torno da Jornada de Agroecologia que dão a clareza que os camponeses têm condições de construir essa alternativa, da produção agroecológica e sustentável. “Queremos que, para além da produção de mercadorias, chegue à mesa de todos os brasileiros a comida saudável”, salientou Damasceno. “Temos que dar o passo de uma Reforma Agrária mais ousada. Além da desconcentração, um projeto diferente, que distribua terra e fortaleça a permanência do homem e da mulher no campo. Criar a comunidade camponesa, com acesso a saúde, lazer, cultura, educação, […]

Comunidades tradicionais falam da necessidade de cuidado com a Mãe Terra

Por Franciele Petry Utilizadores dos benefícios da terra, das florestas e das águas, povos e comunidades tradicionais participam de debates durante a 14ª Jornada de Agroecologia. Mesmo que os instrumentos de trabalho para a produção agrícola tenham mudado um pouco durante os últimos anos, o respeito pela natureza por parte dos povos e comunidades tradicionais permanece o mesmo. “A gente tem no sangue a preservação da biodiversidade”, acredita o faxinalense Hamilton José. Seu companheiro de luta, o faxinalense Amantino Sebastião de Beija, concorda com a percepção. “Muito antes de sabermos o conceito de agroecologia já tínhamos práticas agroecológicas – não usávamos veneno, adubos, nem outros químicos”, explica. Milho, feijão, hortaliças e plantas medicinais são cultivadas na comunidade do faxinalense, localizada em Mandirititiba, região metropolitana de Curitiba. Em razão do relevo acidentado do local, em alguns pontos da comunidade agricultores plantam com a ajuda de instrumentos movidos a tração animal, semelhante a seus antepassados. Essa é a primeira vez que povos e comunidades tradicionais participam e contribuem na organização da Jornada de Agroecologia, evento anual que está em sua 14ª edição nesses dias 22 e 25 de julho, em Irati/PR. Integrante da Comunidade Quilombola Invernada Paiol de Telha, Divonzir Manoel dos Santos também indica em sua comunidade a existência da prática tradicional de produção de alimentos, que respeita a natureza. “A participação do negro na Jornada de Agroecologia é um marco”, indica. “Conseguimos mobilizar e integrar cada vez mais esse debate”. Romildo Lourenço Padilha, da Aldeia Indígena Ivaí, do município Manoel Ribas/PR, está participando pela primeira vez do evento. Ele confessa não participar de grandes debates em relação ao modo de produção agroecológico, mas indica que, de alguma forma, já mantém a prática. “Para nossa comunidade a relação com a natureza é muito importante. Cuidamos dela”, afirma. A relação com a […]