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Túnel do Tempo sobre a Guerra do Contestado encanta visitantes

Por Priscila Ernst Encantamento. Esta foi a demonstração visível no olhar dos visitantes do projeto Túnel do Tempo, atividade que faz parte da programação da 14° Jornada de Agroecologia. Montado em um barracão no Parque Aquático de Irati, o projeto recebeu a visita de muitas pessoas. O Túnel surgiu após meses de articulações, trabalho e foi incluído nas atividades da Jornada ainda no ano passado. Esse ano, o tema escolhido para apresentação no evento foi os “100 anos da Guerra do Contestado”, pois a Jornada deste ano ocorre na região onde aconteceu a Guerra (1912 a 1916). O projeto começou a ser construído na segunda-feira (20), pelas equipes da Escola Latino Americana de Agroecologia (ELAA) do Assentamento Contestado na Lapa/PR e do Colégio Estadual Francisco Neves Filho de São João do Triunfo/PR, e tem quatro fases de explicações e composições de cenários históricos. Também existem mais dois espaços com exposição de fotografias e exibição de vídeos sobre o tema escolhido. Os estudantes e professores envolvidos trabalharam na organização de todo o projeto, que foi desde a pesquisa até a montagem dos materiais. Histórico A iniciativa do projeto Túnel do Tempo surgiu em 2002, após a visita de alunos e professores de São João do Triunfo na 1a Jornada de Agroecologia em Ponta Grossa – PR. Na jornada, havia um espaço com cenários que representavam as lutas da agricultura familiar e camponesa. A diretora naquela gestão, Sivone Ernst, conta que achou o trabalho interessante e voltou com uma ideia na cabeça. Fazer algo parecido, contando a história do município e sua ligação com a agricultura. A partir daí o projeto cresceu. Foi pensado, discutido e colocado em prática de maneira que alunos e professores fizessem parte de todo o processo de construção. “O que aconteceu foi que não tivemos somente o […]

Ciranda Infantil é espaço de cultura e formação para as crianças na Jornada

Iniciativa que surgiu no MST, hoje faz parte das Jornadas de Agroecologia e é o espaço da criançada dentro da programação Por Priscila Ernst A Jornada de Agroecologia envolve todas as gerações em uma só caminhada, são diferentes idades que sempre trazem algo para enriquecer o evento. Os jovens com seu espírito revolucionário, os adultos com a troca de experiências, os idosos com a sabedoria ímpar e as crianças com a alegria que encanta e dá leveza aos quatro dias do evento. Pensando nestes sorrisos de criança e na participação dos pais delas nos espaços políticos é que a Ciranda Infantil se torna atividade importante dentro da conjuntura da Jornada. A iniciativa surgiu no MST em 1987, durante o 1º Encontro Nacional de Educadores/as da Reforma Agrária (ENERA) com a função de possibilitar a participação dos pais e especialmente das mães nos espaços políticos do movimento. De lá pra cá a proposta pedagógica do MST amadureceu e focou na formação de crianças. Desde as primeiras articulações para a 14° Jornada de Agroecologia a Ciranda já foi incluída na programação. As atividades foram organizadas na Escola Municipal Camacuã Eduardo Laars, que fica próxima ao Centro de Tradições Willy Laars e ocorrerá durante todo o evento, das 8h às 17h. No primeiro dia mais de 70 crianças foram inscritas, sendo algumas do Rio de Janeiro, Santa Catarina, São Paulo, Porto Alegre, mas a maioria é do Paraná. Além delas, as crianças que já estudam na Escola Camacuã também participaram. A diretora desta escola, Clair Chaicouski, explica que esta é a primeira vez que a instituição faz uma parceria com a Ciranda Infantil. “A troca de experiências entre professores e crianças está sendo muito rica. Os alunos estão quebrando a rotina e conhecendo mais sobre esta iniciativa”, conta Clair. Emanuela Pereira de Oliveira, […]

“A Jornada é o fortalecimento de um projeto popular para a agricultura”

Por Maura Silva Em entrevista, Odilon Burgath, prefeito de Irati, fala sobre a importância de receber na cidade o maior evento de agroecologia do país. Irati, cidade localizada a 150 km de Curitiba é palco da 14ª Jornada de Agroecologia. A região conhecida pela mescla de diferentes etnias (especialmente polonesa e ucraniana), também concentra um grande número de produtores rurais. Para o prefeito Odilon Burgath (PT/PR), a “Jornada de Agroecologia é um espaço onde o debate sobre a alimentação saudável, livre de agrotóxicos, será politizado”. Burgath ainda ressalta que a jornada “é um momento de troca experiências e fortalecimento na construção de um projeto popular e soberano para a agricultura”. Também conhecida por ser a cidade do Paraná com o maior número de pacientes em tratamento contra o câncer, o prefeito de Irati que enxerga na agroecologia a saída para que a população iratiense tenha uma vida mais saudável e de qualidade,identifica esse status com preocupação. Segundo pesquisas, desde 2008,o Brasil é o país que mais consome agrotóxico no mundo, embora não seja o campeão mundial em produção agrícola. Em 2013 foram consumidos um bilhão de litros de agrotóxicos – uma cota de 5 litros por habitante. No país são usados agrotóxicos que foram proibidos em 1985 na União Européia, Estados Unidos e Canadá. Confira abaixo a entrevista concedida pelo prefeito à comunicação da 14ª Jornada de Agroecologia. Qual a importância de um evento como a Jornada Agroecológica ser realizada em Irati? Desde 2014 nos colocamos à disposição para receber a Jornada de Agroecologia aqui na cidade. Desde o começo do meu mandato temos procurado manter um viés de apoio com esse tema. Uma preocupação que não existia anteriormente. Conseguimos construir o primeiro departamento de agroecologia, lançamos parcerias e convênios com o Ministérios do Desenvolvimento Agrário (MDA). Por isso, receber a Jornada […]

Movimentos do campo e da cidade abraçam construção da 14ª Jornada

Por Fernanda Targa Movimentos sociais nacionais e da América Latina marcam presença nesta 14ª edição da Jornada de Agroecologia. Nos últimos anos, o evento vinha sendo organizado pela Via Campesina e MST, em 2015, outros movimentos do campo e da cidade abraçaram a construção deste espaço de luta por um projeto popular e soberano de alimentação. Os encontros anuais que vem se consolidando há mais de uma década como espaços de mobilização e formação, extrapolam os limites do campo. Une nesses 4 dias, juventude e trabalhadores rurais e urbanos. São pelo menos dez movimentos sociais envolvidos, entre eles Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA), Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), Comunidades Quilombolas do Paraná, Instituto Agroecológico Latino Americano, Comunidades Tradicionais Faxinalenses, Levante Popular da Juventude e Movimento por Moradia (MpM). A presença de movimentos urbanos, demarca a importância e necessidade do debate da Agroecologia para além das zonas rurais. “Com a participação dos movimentos urbanos é possível a união dos saberes populares com os científicos”, afirma Diego Moreira, coordenador nacional do MST. Para a militante do movimento urbano Levante Popular da Juventude, Giovana Fogaça, a Agroecologia deve ser uma pauta para toda a sociedade, “costumamos tratar dessa alternativa para a soberania alimentar apenas nos espaços do campo e esquecemos que ela faz parte de um projeto popular para toda a sociedade. O agronegócio, instrumento do capitalismo, não afeta só os camponeses. Por isso, o Levante se empenha em além de estar presente na jornada, construí-la”. O paraguaio Angel Enciso, do IALA Guarani destaca a importância de um espaço como esse possibilitar a troca de experiências com os países latino-americanos. “Em uma das edições da jornada aprofundamos nossos conhecimentos sobre o processamento de matéria-prima, que antes era pouco desenvolvido pelas comunidades camponesas paraguaias. Hoje elas já são capazes de desenvolver seu próprio […]

Produtos da reforma agrária movimentam 14ª Jornada de Agroecologia

Feirantes despertam atenção do público da Jornada e mostram a relação entre produtos agroecológicos vendidos e suas histórias de vida Por Camilla Hoshino Quem passa pela 14ª Jornada de Agroecologia com apenas sete reais no bolso, pode escolher entre uma diversidade de produtos expostos na Feira de Orgânicos e Agroecológicos. São mais de 40 barraquinhas com produtos diversos. Sementes, frutas, alimentos em geral, cosméticos naturais, remédios homeopatas, entre outras curiosidades produzidas em assentamentos e associações, disputam os olhares curiosos dos visitantes. A escolha é difícil, pois o cheiro do bolo com cobertura compete com o da geleia, o das frutas maduras e dos pães de mandioca, batata doce, abobora e integral. Estes últimos chamam atenção por serem vendidos por garotos muito jovens. Eles vêm de Laranjeiras do Sul, do Assentamento Recanto da Natureza. Composto por poucas famílias – cerca de 20 -, o local também é rico na produção de mel, produto bastante procurado nesta feira. “Vários vizinhos têm colmeias, então a gente começa escolhendo as boas. Depois tem que centrifugar também”, explica Leo da Paixão dos Santos. E seu primo Everton Ferreira, com quem divide a venda na barraca, completa: “Não pode esquecer que tem que limpar e embalar”. Apesar de jovens, os garotos descrevem o processo de produção do mel com intimidade. Eles contam que é a primeira Jornada de Agroecologia da qual participam. Cultivando alimentos Há também os veteranos da feira. Dona Izaura Borges Becker é produtora de arroz orgânico e participa do evento desde 2002. A terra que possibilita o seu cultivo se localiza em Querência do Norte, no Assentamento Pontal do Tigre, onde há cerca de 350 famílias. Ali, há tantos anos de produção quanto de variedades de arroz. São oito no total, produzidas a partir da várzea, terreno plano que margeia o rio. “É […]

“Defender a agroecologia é defender novo modelo econômico e político”

Por Rafael Soriano O economista membro da coordenação nacional do MST, João Pedro Stedile, esteve presente na primeira conferência da 14ª Jornada de Agroecologia, abordando o movimento do Capital na agricultura e suas consequências. Durante sua fala, Stedile avaliou que a defesa da agroecologia é, não apenas uma preocupação em salvar o meio ambiente, mas um embate econômico e político. A necessidade de uma transição agroecológica, para o militante, advém das características nocivas do modelo do capital na agricultura, hoje conhecido como agronegócio. “É justamente nas contradições desse modelo que está nossa esperança em uma adesão crítica da sociedade como um todo para enfrentarmos a agricultura capitalista e estabelecermos novas bases de produção, fundadas na agroecologia”, sinalizou. Entre as contradições, está a concentração de propriedade em pouco mais de cinqüenta grandes empresas multinacionais presentes na agricultura e, por isso, um grande contingente de populações afastado das riquezas ali produzidas. Por estarem nas mãos dessas empresas, as riquezas geradas nas localidades são expatriadas, não permanecem na própria região onde se produz. “Vemos o exemplo de Irati, onde acontece a 14ª Jornada de Agroecologia, em que a produção de fumo vê a riqueza aqui gerada na região sendo levada para Londres pela Souza Cruz e aumentando a acumulação de capitais dos acionistas de lá”, relata Stedile. Além dessas características econômicas, há sérias disfunções no meio ambiente causadas pelo modelo atual, como a contaminação por venenos e a destruição da biodiversidade. “O caso de São Paulo é emblemático: não falta água nas torneiras da cidade por falta de chuva. Chove e alaga. O problema é causado pelo predomínio dos monocultivos do eucalipto e da cana-de-açúcar no entorno do sistema hidrográfico de Cantareira, que altera todo o ecossistema local”, alerta João Pedro Stedile. “Os venenos contaminam o ar, a água e até o leite […]

A Jornada de Agroecologia em números

Por Kleber Gonçalves A Jornada de Agroecologia começou com grande expectativa de público. Ao chegar em Irati, vê-se pessoas envolvidas em movimentos, jovens, idosos, famílias e mesmo moradores locais querendo conhecer e aprender o que é a agroecologia, a Jornada e comprar os produtos da feira. Segundo o levantamento da organização, mais de 4 mil pessoas estão alojadas nas dependências do CT Willy Lars e dentro do Parque Aquático da cidade. No túnel do tempo, estrutura que lembra os “100 anos da guerra do Contestado”, estão trezentas pessoas. Nesta quinta-feira (23) ainda estão chegando mais de quarenta caravanas nacionais e duas caravanas do Paraguai. Do Brasil, estão representadas todas as macrorregiões. Por enquanto, estão presentes, nordestinos, do Sudeste, caravanas de Rio de Janeiro e São Paulo, do Centro-Oeste, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Distrito Federal e do Norte, há representantes de Amazonas. A Jornada de Agroecologia foi organizado por 36 entidades do campo e da cidade, e, dessas entidades e de outras, no total são 500 voluntários trabalhando para garantir todo o funcionamento do evento nos quatro dias de debates, mesas, oficinas e programação cultural.

Trabalho realizado com alegria: assim a Jornada foi organizada

Por Priscila Ernst As atividades preparadas para a 14° Jornada de Agroecologia estão esquentando o clima frio da cidade de Irati no Paraná. Muitas equipes trabalham há dias para organizar todos os detalhes que sempre fazem a diferença nos dias da jornada. Várias atividades compõem a programação deste ano, como seminários, oficinas, intervenções artísticas, feira de sementes e produtos agroecológicos, Túnel do Tempo – “100 anos da Guerra do Contestado” e a Ciranda Infantil. Para que toda esta programação pudesse acontecer, muitas pessoas foram envolvidas na dinâmica de trabalho, organizando e preparando tudo para o evento. A Feira de Sementes e Produtos Agroecológicos foi montada no Centro de Tradições Willy Lars, com uma grande diversidade de produtos. Ela começou a ser articulada desde novembro do ano passado, a partir de reuniões com mais de 30 instituições envolvidas, como a prefeitura de Irati, Sindicatos, IFPR, MST, Unicentro, entre outras. Segundo Josiane Lima dos Santos, uma das organizadoras da feira, este ano se destaca porque marca a retomada de muitas parcerias dentro da totalidade da Jornada. São mais instituições e movimentos fazendo parte da feira de sementes e produtos agroecológicos. Ela conta também, que isso se dá pelas articulações políticas e a representatividade que a Jornada de Agroecologia tem hoje no contexto estadual e nacional. A feira deste ano conta com mais de 70 bancas instaladas no local, divididas entre as organizações Economia Solidária, MST, Agricultura Familiar, CEFURIA e Rede Solidária Popyguá. A maioria dos participantes são do Paraná, mas representantes de Santa Catariana e Rio Grande do Sul também estão presentes. São pães, bolachas, geleias, licores, vinhos, derivados de leite, cana de açúcar e uva, artesanatos diversos, materiais dos movimentos sociais, além de lanches e bebidas. O projeto Túnel do Tempo também surgiu após meses de articulações e muito trabalho. O projeto […]